Há sérios motivos que me levam a encerrar este blog, não apagar, tenho demasiado orgulho na estupidez devotada em tantos posts, para o apagar. Irá manter-se, com os textos mais inspirados, com as minhas revelações disparatadas mas tantas vezes libertadoras. Deixarei o anonimato e continuarei a escrever assumindo-me, confesso, com um pouquinho mais de tento nas teclas porque há uma reputação a defender. Não nego a possibilidade de um dia regressar. Para já, quero deixar claro a quem sabe quem realmente a gata é, não tem nenhum estatuto especial! Por isso, a minha vida, como sempre disse, é um livro aberto...neste caso será algures, um blog de acesso livre, devidamente assinado para quem quiser ler. Não haverá links, sistema de comentários ou recadinhos amorosos. No meu espaço, a pessoa mais importante sou eu e os meus. Aos restantes bloggers, não os conheço de lado algum e francamente, não tenciono conhecer para receber elogios, presentes ou mimos insípidos. A vida vive-se com os que nos tocam na pele, nos abraçam e caminham a nosso lado, não a largos passam à frente, como se a vida fosse uma corrida como o counter do blogger a subir, revelasse realmente a importância de alguém.
domingo, 1 de julho de 2012
domingo, 17 de junho de 2012
Vai-te embora...cheiras mal!
Poderão achar que não tenho tabus, mas tenho. Há assuntos que me encomodam, e são geralmente os que toda a gente comenta, como diria a Ana, "à tromba estendida", mas que me transtornam. O Ricardo anda embeiçado pela morena lá do sítio, mas não quer dar parte fraca, porque todos querem dar uma "martelada" naquilo e, por qualquer motivo, tem a mania que é um gajo especial e não come o mesmo que os outros. Ele vai para junto de mim e justifica-se, inventa mil e uma histórias para a morena não ser de todo um atrativo aos seus sentidos de macho carente, e eu oiço de sorriso irónico nos lábios. Desesperado, diz-me:
- Sabes porque eu jamais poderia ter alguma coisa com ela?
- Porque ela não quer, está claro! - respondo.
- Não. Porque tem mau hálito e eu sou muito esquisito com cheiros!
Eu até gostava do Ricardo, até entendia toda aquela negação, quem nunca negou algo que está mesmo à frente do nariz, atire o primeiro calhau....e certamente levará com ele em ricochete mesmo na tola. Fiquem sabendo, meus caros, não curto que se questione o hálito de ninguém. É assunto tabu neste blog. Sabem lá se a rapariga não terá problemas de estômago? É assunto sério, sim! Respeito.
Absolutamente Fodível!
A Patrícia não é nenhum portento, tem no entanto, os seus encantos. Encantos esses que se perderam aos 18 anos, casou e viu-se com uma criancinha nos braços. Para todos os efeitos o filho é o bem mais precioso do seu mundo, o marido a maior abécola à escala interplanetária, e com o passar dos anos, a Patrícia definhou, perdendo a capacidade de sonhar e fantasiar. Até um dia, decidiu arranjar um amante. Eu vi o brilho no olhar da Patrícia, sorriso aberto de quem tinha sido tão deliciosamente fodida, e antes de ter tempo para aplaudir a sua performance de "mulher, mãe e amante", a revelação. Outro pássaro andava na costa, em vez de um tinha dois amantes! Levantei-me e pedi uma ovação, grande coirão me saiste. Sê como a nossa Florbela, fode este, aquele, todos...e nenhum e quem bem quiseres, mas não deixes de seguir os teus ímpetos.
Havia de ser bonito!
Diz que tenho peitos descaídos. Eu, sinto-me socada pelas suas mamas. Uma só certeza, elas vão saltar do soutien a qualquer momento e deixar-me um olho à belenenses. Insiste, uma mulher curvilínea, honrando a sua condição feminina, deve ter seios fartos. Silicone nas "manas" leva-me às senhoras do buço e sovaco peludos, as tais que um dia queimaram soutiens na praça pública, exigindo a emancipação da mulher e a igualdade de direitos. Tantas manifestações e estas pindéricas insistem em ser tratadas como "carne para canhão" pelos queridos fanfarrões, sem grande critério, lançam a rede a qualquer cardume.
Ela diz-me, precisas de mais 15 anos, para compreender o impacto que um busto descaído tem na auto-estima de uma mulher. Não sei o que me ditará a idade, mal de mim, quando começar a acrescentar coisas ao meu corpo e assim parecer bem aos olhos dos outros. Porque se os homens estão cada vez mais preguiçosos em captar a verdadeira beleza de uma mulher, se nos dermos de bandeja, debruada em superficialidade, é claro que eles só podem ficar ainda mais curtos de ideias.
Sim, tenho as mamas descaídas, e por acaso, até gosto. Daqui a 15 anos, sei lá se vou continuar a gostar!
sábado, 16 de junho de 2012
A merda da minha mãe...
...poderia revelar muito sobre o seu carácter. A merda da minha mãe é quase tão empedernida como a própria. Não quer largar o intestino, ali fica dias, semanas, teimosa merda, é exactamente como ela que poucas vezes cede à vontade dos que a rodeiam. A merda da minha mãe, é uma autêntica merda. Mas a minha mãe, não é, nem nunca foi uma mulher de merda. Na clínica, depois de uma dolorosa colonoscopia, com direito a aspiração de fezes, porque a malvada merda é tão reles que teima em não sair, vejo-a no corredor qual Inês pela verdura. Com os seus saltos prateados, vestido justinho, algo "grogue" mas sem deixar que isso lhe diminua o porte, saiu com o exame nas mãos e toda uma vida para tocar para a frente. Disse-lhe que parecia a Betty Boop, ela sorriu mas não faz ideia quem é a querida Betty Boop. Sem problema, nunca precisou que lhe afagassem o ego, sempre soube quem é, e o valor que tem!
Algo de errado...
Eu e o Pedro de olhos colado ao ecrã do portátil. As atenções viradas para o novo videoclip da Kylie Minogue. "The impossible Princess" de calções de ganga esfarrapados, tão curtos, quase lhe via as amígdalas. O que se diz ser o mais sexy traseiro do mundo mesmo na nossa cara, que mais não expressava que puro deleite. Toda a gente sabe que homem a gostar de Kylie é porque está a vibrar com as plumas e purpurinas. O Pedro garante que não é panasca. Fufa, não, e é até sabida a minha alergia à espécie. Facto é que não conseguia desligar dos provocadores movimentos de ancas da "pequena boneca". Definitivamente, houve algo de errado naquele momento. Senti-me a menina mal comportada a encontrar uma cassete do "Garganta Funda", partilhando depois com um amiguinho. Perdida entre a vergonha e o "voyeurismo", só me faltava a pila entre pernas, para saber o que sentem eles quando nos tratam a nós como simples objectos de desejo. Para ajudar à festa, sai-me um comentário de alto gabarito, "ganda lasca", ao que o Pedro conclui "então não é?!"
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Smile:)
Prevê-se um bom dia. Porquê? Não sei, mas apercebi-me que os meus últimos posts terminaram com um smile:) Só pode ser bom sinal! Escrevo-vos do meu escritório, no meu imaginário é uma espécie de quarto à Carrie Bradshaw com o monitor virado para a janela e uma rua onde carros e ovelhas às vezes se cruzam. O céu está azul clarinho, as astes dos pinheiros agitam-se harmoniosamente, o disco novo dos Garbage, que agora escuto, é "do caralho" e hoje deve haver "bifanada" em Campo de Ourique. So far so good, so I smile:))
Yes Girl
Mulher forte não é sinónimo de automotora, retro-escavadora, para mover terrenos e levar tudo à frente. Há muito tempo que uma amiga não me deixava orgulhosa pela sua condição de mulher. A Manuela mudou de vida. Não é qualquer pessoa que sai da zona de conforto para começar tudo de novo, do zero, com uma mão à frente e outra atrás. Toda ela é dentes e a sua gargalhada que me dá cabo da mona. Por dentro sei-a escavacada, em cacos. Alguém lhe diga, por favor, a mulher extraordinária e forte que é, porque as minhas palavras não surtem qualquer efeito. Informem-na que a sua delicadeza e pureza de coração, são a verdadeira força a revelar-se quando é preciso, sem brutalidade ou ódio no olhar. Seria fácil resolver tudo a mal, encher-se de sentimentos de despeito, em vez disso, ama quem a ama, e sem medo, caminha rumo ao horizonte desconhecido....e a maldita gargalhada:))
E chegou o lobo mau...
O personagem mais parvo do "Chasing Amy" diz acertadamente "toda a gente precisa de uma pila". Tal como eu, não compreende as fufas e portanto acha que são uma fraude e na verdade deveriam levar uma bela "tarolada" para não se armarem em camionistas. Corroborar com uma postura tão machista, não sei o que fará de mim, mas infelizmente acho que um "berimbau" por dia, dá saúde e alegria. Caso contrário, corremos o risco de cair nas ruas da amargura, numa tremenda angustia e azedume, capaz de corroer todos em redor. O Ricardo, é um provocador nato, ao descobrir o meu fascínio por pilas circuncidadas fez questão de me descrever a dele. Francamente, isso é maldade, uma pessoa está muito bem nas suas lides e lá vem o jovem descrevendo graficamente o que para mim é uma espécie de "santo graal". Respiro fundo, sigo em frente, lá porque gosto, não quer dizer que ande para ai apanhando cogumelos mágicos, como se fosse o capuchinho vermelho à espera de ser comida pelo lobo mau.
Pareço contraditória, certo? Gosto, mas fujo, como de uma cobra cuspideira. Confere. É fácil compreender...uma pila para mim, tem sempre de trazer um coração agarrado. Não condeno as levianas, mas deixem-me ser esta romântica de merda, eu gosto, às vezes até sofro, mas é sofrimento que dá gosto:)
A inveja é uma cabra
Feriado. Lisboa contentinha com os santos populares, a sardinha assada e o manjerico viçoso. Fizera planos para ir às bifanas ontem, terminei em casa a roer pipocas e o gato a assentar arraiais em cima de mim. Pronto, já não vou sair e ali fiquei a ver um filme indie no Hollywood. Tudo corria bem, mas os meus vizinhos tinham de me infernizar! Lá porque é feriado os meus jovens vizinhos fazem "o mais lindo amor" em versão estereo. Até o bichano acordou com os gemidos da querida, e o prédio entrou em reboliço com a tremedeira que se fez naquela cama. É o meu calvário, fins de semana e feriados, os casais aproveitam para se entregar à luxúria. Hoje acordei cedo, coloquei o meu novo vinil do Rei a tocar, e ainda pensei baixar o som para não incomodar, também não gosto de abrir a pestana ao som da música dos outros, e ainda por cima num feriado. Mas ninguém se preocupou comigo, ontem, entre pipocas e um gato, os outros dois mais pareciam coelhos, tudo à fartazana. Levantei o som e nem por acaso entoa a faixa "quero que você me aqueça nesse Inverno e que tudo o mais vai pró inferno". Grande Roberto Carlos!
terça-feira, 12 de junho de 2012
Dá-te asas...
Quando se conhece um pouco dos meandros da droga, das duas uma, ou se é genericamente compreensivo, com o drama a que ficam presos os envolvidos, ou por outro lado, radicalmente intolerante. Eu tenho dias. Alturas há, comovo-me, entendo como poucos os fantasmas da adicção, porque diariamente lido com os meus vícios, e sei que não é pêra doce dormir com eles à noite. Noutros dias, circunstâncias ou simplesmente azedume, resumo tudo ao deselegante comentário "são todos uns drogados de merda". Independentemente os humores, há uma coisa que não gosto mesmo nada... façam de mim parva. Conversa de, só fumo um "charrinho" às vezes para descontrair, já não pega. Talvez por isso, me tenha apetecido saltar para dentro da televisão, quando se falava do flagelo da droga em Alfama, num documentário bairrista na Sic. Numa esplanada um grupo de mulheres, claramente agarradas "à fruta", dizem sacudindo a água do capote, "nos anos 80 a droga chegou ao bairro". É uma fúria que se apodera de mim, não me julguem otária, que se saiba os narcóticos nunca tiveram pernas para se mover sozinhos. Uma coisa é certa, pernas não têm mas dão-te asas, e em contrapartida, como um passarinho azarado, ficas com o cérebro esturricado.
Consegues ouvir-me respirar?
Só há uma respiração que gosto de ouvir, a do meu gato. Sinto-o gente, ali mesmo no meu peito, focinho no meu pescoço, a ponta do nariz molhada e, por vezes, pequenos sons de descompressão. Quando a respiração pesada é de gente, não gosto, fico até com comichão. Há coisas que talvez deva guardar para mim, há muito que sei isso, mas a minha franqueza tem destas coisas. Ao contrário de mim, a Manuela é mulher que gosta de partilhar a cama, eu sou capaz de pagar para nem sequer partilhar o mesmo quarto. Mariquices de uma gata que sempre teve o espaço todo para si. Depois dela insistir porque raio não haveria de partilhar a cama com ela, disse-lhe de rajada como uma maluca, "porque tens a respiração pesada", e nem dei conta que isso poderia causar impacto. Há uns dias, num café, cheio de barulho, como quem não quer a coisa, pergunta-me, "consegues ouvir a minha respiração?". E pensei, para além de eu ser um calhau com olhos, o dia que a deixar de ouvir respirar a meu lado, quer dizer que a perdi e isso não é bonito...
Diz que não há necessidade...
Aquele ambiente do bairro dá-me azia. Comentava com a Cristina, eu deveria gostar de estar no meio da populaça, dos que comem de porta e boca aberta, e sinto uma espécie de culpa pelos muitos "compensan" que já "chupei" só de pensar ir à Mouraria ou a Alfama. É claro que no dia dos Santos, a coisa é diferente, uma pessoa vai de passagem, numa de turista come uma bifana cheia de sebo e aquilo sabe como em nenhuma outra altura do ano. Desertora, cresci no Bairro de Santa Catarina, junto à Bica, aos 8 anos escapei, para nunca mais voltar. Tenho saudades da Travessa da Hera, pela Dona Albertina e pela Fernanda, mas até elas se escapuliram para Oeiras. Dizia de mim uma bonequinha de luxo, sempre na sua redoma, cheia de gomas, chocolates, gelados, perfumes, cupcakes, Barbies ou comédias romanticas com final feliz. E a Cristina, perspicaz, sem rodeios, pergunta; mas há alguma necessidade da gata ser uma vira lata e meter-se no meio da merda?
Sopeirices...quem não as tem?
A Ana esteve cá em casa. Senti-me naquela canção das Amarguinhas, "Just Girl vai ser só curtir", vestir roupa fixe e retocar a maquilhagem. No fim das contas, ela ia realmente curtir a noite, era uma da manhã, quais Doce, hey, adivinhava-se uma directa, enquanto que a cama aguardava-me com o gato abanando a cauda em jeito de compasso. A miúda alindava-se, e eu ia-lhe pedindo desculpa pela minha casa estar um nojo, querida como sempre, diz-me que não sei o que é ter uma casa com dois filhos pequenos. Desce pela escada linda e vaporosa, o gloss nos lábios a brilhar no escuro, e eu a matutar. A casa dela tem duas crianças, a minha não tem nenhuma, apenas um gato que é mais limpo que eu. Hum, hoje pela manhã, andei como se fosse a última das mais devotas sopeiras. Infelizmente será sol de pouca dura e bem sei que os cabelos voltarão a ficar no ralo da banheira e o fundo da sanita ficará novamente sarnento.
domingo, 10 de junho de 2012
Periferias...
Há uns tempos a esta parte ceguei para algumas pessoas, aliás sofro de uma distrofia qualquer inventado em cima do joelho, impedindo-me até de ter uma normal visão periférica. Não tenho inimigos, mas há pessoas que não gramo nem à lei da bala. Diz no entanto o bom senso, na minha área profissional, deve manter-se a cordialidade. Porém se eu não vir a pessoa, não tenho de engolir o sapo. E mesmo sabendo-a à minha frente ou no meu raio de visão, padecendo eu de tal enfermidade, como iria falar-lhe se não poderia vê-la?
Como ainda só estou parcialmente surda, se a pessoa chamar por mim, infelizmente terei de ouvir, virar-me-ei para ela, e desse modo justifico a educação que os meus pais me deram.
Como ainda só estou parcialmente surda, se a pessoa chamar por mim, infelizmente terei de ouvir, virar-me-ei para ela, e desse modo justifico a educação que os meus pais me deram.
sábado, 9 de junho de 2012
Painless
Tenho tido desafios, ou coloco-me a jeito para os encarar, antes talvez fosse mais confortável ignorá-los e viver numa confusão tremenda. Não sabia o quê, mas algo me encomodava, como se tivesse uma conta por pagar, ou o carro mal estacionado, quem sabe uma porta mal fechada, havia sempre algo que me sobressaltava e não me deixava tranquila e gozar a felicidade que efectivamente sinto. A pedra no sapato andava ali, sempre, como uma moinha na cabeça que não passa mesmo depois de tomar uma caixa inteira de Benuron. Hoje, sinto que nada sinto, mesmo quando há situações fodidas a circundar-me. Não há dor, não corre uma lágrima pelo meu rosto, o meu coração não se sobressalta, não há angústia, tristeza, melancolia, vazio...não sinto nada. Parece que de um momento para o outro fiquei imune à dor, e isso não me tira sequer um minuto de sono, nada me tira um segundo de tranquilidade, e os cães ladram e a caravana passa. Penso, é estranho, para quem sempre sentiu as dores do mundo, deixar de sofrer é tão bom que até doi:) NOT!
Por terceiros talvez funcione...
Adoramos a conversa da sinceridade. Há que dizer as coisas na cara, olhos nos olhos, só que tantas vezes marinbamo-nos para a honestidade dos outros, fazemos portanto, ouvidos moucos.
Vejamos a minha situação, havia merda para limpar, e só eu poderia fazer árdua tarefa. Cada vez que limpo o cubicuo do "doce caramelo" canto Bonnie Taylor "loving you is a dirty job....but somebody's gotta do it" e a coisa faz-se. Ultimamente eu é mais Capicua nas rimas às vezes imperfeitas mas sempre certeiras. Não me apetece recuar ao tempo das permanente, cabelos ripados ou loiro oxigenado. A mãe veio a casa e como sempre, parecia um perdigueiro, comentou "cheira a merda". A sinceridade acima de tudo nesta relação. Eu continuei a desfolhar os meus livros da Anita e na sua contracapa descobrindo o infinito, até que a oiço falar ao gato "olha diz ai à tua dona para limpar a casota, porque cheira a merda que não se pode". E eu fui. Senti vergonha, ver o recado chegar a mim por terceiros.
Back to the 80s. Lá estava, cantando a "algarvia" Bonnie Taylor e no meu imaginário o cheiro tóxico da caixinha do gato, mais não era do que uma bafurada de laca extra nos meus supostos cabelos ripados.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Como ela consegue?
A última vez calcei sapatos altos, talvez uns meses atrás, jurei nunca mais. Adoro-os, como peça de arte. Lisboa infelizmente não é um museu ao estilo Louvre, mas diria antes uma capital amazónica, uma selva filha da puta, ideal para o calçado raso. Ela, desconhecida, salto em agulha numa calçada fodida, algures na cidade das sete colinas, caminhava segura. Mirei-a durante longos minutos, delgada a jovem cheia de classe, subia aquela malvada rua, com uma perna às costas. Tinha de descobrir, como ela consegue!? Simples, o segredo está na escolha do troço da calçada, em vez de se habilitar a deixar o salto preso entre o empedrado, caminha ligeirinha no corrimão paralelo à calçada, lisinho e o efeito é sublime, mais parece que se move como uma gata numa "passerelle". Apeteceu-me, dar-lhe uma pancadinha nas costas, fazê-la virar-se para mim e em jeito de Tyra Banks perguntar-lhe "Wanna Be on Top?"
No more Nice Girl!
Não sei que raio a Cristina fez comigo. Três consultas, apenas. E despachou-me com uma pinta do caraças. À hipnoterapeuta de formação, disse-lhe olhando fundo naqueles olhos azuis cor do céu, eu não acredito nestas tretas, mas como tenho umas quantas "gavetas" desarrumadas, este é talvez o último recurso. Três consultas, conversa, troca de ideias, e a tipa não lançou nenhum pêndulo frente aos meus olhos, não me adormeceu, não me deixou a falar para o ar como se tratasse de uma lunática rodeada de amigos imaginários ou fantasmas escondidos no armário. Nada. Um dia acordei e o meu cérebro parecia em "reboot" e o que sou mantém-se, porque não quero deixar escapar a minha ingenuidade e saltar para o reino cinzentão dos adultos. Mas se raras vezes tirei os pés do chão, agora sei, não devo caminhar por areias movediças ou terrenos empoeirados. Nunca neguei, sou uma gata da cidade, gosto da calçada limpa e acho que cada um deve limpar a merda do seu próprio cão. Levem um saquinho no bolso, sim? A armadilha comigo já não funciona e não voltarei a cair na vossa merda!
Como "desamigar-te" da minha vida?
Indignada, a Filipa, assumiu-se na condição ostracizada, ganhando o título "desamigada" no Facebook. Respondi ao post, erguendo o dedo e sem vergolha, "hey eu sou a rainha dos "desamigados", escrevi. Sorrateiramente, como quem não quer a coisa, lá despacho mais um ou outro, que me pesam no número de "amigos", gente (julgo de carne e osso) mas nunca vi mais gordos. Era tão mais fácil, no mundo real, pudesse clicar num botão e "remover amizade", ainda com direito a item para breve explicação. Iria directa ao ponto; desejo "desamigar-te", porque não te amo mais, não te quero mais na minha vida, pesas-me como um fardo que colhi sem dar conta. Acrescentaria ainda no motivo, dizes que te canso, e eu que ando cansada de ti há pelo menos meio ano, cada abraço é um amargo de boca, cada palavra da tua boca parece-me mais uma charada de um puzzle Hello Kitty.
É ou não É?
O médico, mais perspicaz que os demais, confirmou excesso de hormona masculina no meu sistema. Eu não fiquei nada surpreendida, explica até muita coisa, incluindo a minha certeza que o mundo seria um sitio muito melhor se nos amassemos pelo que somos e não pelo sexo que representamos. Apaixona-me a androginia, o híbrido, o que todos julgam como certo e no fim das contas é o revés.
Então mas é um homem que parece mulher? A nenhum homem a gravata assenta tão bem como àquela mulher!
Sou no entanto, a primeira a recriminar-me, pertencendo ao largo grupo de indivíduos que gerem os seus pares com um apuradíssimo radar, capta apenas o que interessa e o que apraz à vista.
Então gata, como ficamos, perguntarão? É a natureza humana, respondo, eu sou um animal, e lá porque sou uma quatro patas não se julguem diferentes de mim....shame on you.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
# Cats - Jane Birkin
O Guilherme disse em tom sério, temos de matar esse gato, ele está a boicotar a tua vida. É um facto que me sinto livremente cativa a este magnífico felino. Uma prisão que me enche a alma. O Alexandre perentório afirmou do alto do seu 1m90cm, eu passava demasiado tempo entre feras de quatro patas, nenhum ser humano normal se expressa, miando, enfurecido exemplificava que não ladrava, só porque prefere cães. Mas se para o comum mortal o som mais bonito do mundo é o riso de uma criança, para mim, é o miau dengoso do meu bichano. E quando há quem me separe dele, ou pelo menos tente, doi-me o coração. Na primeira oportunidade, corro para casa e aqui fico livremente cativa deste que me devota um amor genuíno, apenas com um esgar cheio de orgulho e vaidade (para dar e vender), consegue dar-me mais do que outros com um punhado de palavras tiradas de um romance de cordel.
terça-feira, 5 de junho de 2012
O Enterro da gata persa
Já estava decidido. Falei com algumas pessoas que conhecem a identidade da gata e revelei que deixaria de andar por aqui uns tempos, longos. Precisava viver e o que dispensaria em palavras não reaveria em experiência sentidas lá fora, com o sol a bater-me na pele e os sorrisos soltos pelas ruas entre amigos que me querem bem. Mas essa não era a verdadeira razão para deixar este espaço, pelo menos por um tempo que defini, longo. O meu duelo constante com a escrita cansava-me até aos ossos e se escrever faz parte de quem sou, quando o processo se torna numa batalha, mais vale guardar a viola no saco. Alguém, de grande importância na minha vida disse-me, escreve. O quê, perguntei. Escreve, ordenou. Pelo que ainda não é desta que a gata ficará sete palmos abaixo da terra. Escrevo, aqui, acoli. Com ou sem identidade desvendada, escrevo, sobre o que me der na real gana. Ela ordenou e eu sou uma serva aos seus mandos e desmandou, porque sei que me quer bem. Por agora é tudo, um até já:)
quarta-feira, 9 de maio de 2012
I'm so Fucking Carrie...
...que até chateia.
Carrie Bradshaw, claro está. Até a paixoneta pelo bailarino russo, o ex-namorado meio trengo, a paixão pelos sapatos, a escrita algo catastrófica, a puta da solidão, uma cidade que ama até mais não e um punhado de bons amigos. So far, so good! Carrie, não cozinha, nem eu. Desde que descobri a caixinha de ovos na loja "casa", coze ovos em 20 segundos no micro-ondas a minha vida, ganhou francamente ainda mais qualidade. E se a única coisa que o meu fogão via, era a panelita (de quando em vez), é oficial que virou peça de museu. Percebo-o, quando sentada a comer uma sopa de plástico, o gato à janela apanhando o sol, noto que pendurei um quadro mesmo ao lado do fogão. Absurdo? Não! Vai ficar com gordura, até pode encendiar-se?! Qual quê, eu sou uma mera turista na minha própria cozinha e ao que parece, o sitio virou uma espécie de Louvre do burgo.
A magia de um pincel, dois ou três...
Eu sorria. Mas sorrio muito. Naquele dia tinha um sorriso parvo, parecia que estava apaixonada, dizia a Ana. Não estava, mas ninguém me arrancava o raio do sorriso dos lábios e dentola em grande evidencia lá estava eu.
- Você hoje tem qualquer coisa diferente! - Insiste a Ana.
- Tenho um pincel novo. Afirmo.
A vida de uma mulher pode ser tão melhor quando, tem...não um, mas dois pincéis, comprados na Sephora. Um para o corrector de olheiras e outro para a sombra. É claro que a Manuela lembrou o nosso primeiro ponto de encontro. Sim, temos um passado, a nossa história de amor, começou precisamente, à porta da loja, Zé Pincel....
terça-feira, 8 de maio de 2012
Senhor, arranje uma vida, sim?
A gata recebeu um e-mail. Miauuuuuu....ficou contente, claro. À parte de saber que se vai falando mal dela, pelo seu "mau francês", nunca houve feedback directo. A gata, com suas patinhas delicadas abre a correspondências e as unhas viram garras, os bigodes tensos, o lombo eriçado...que merda é esta??? Vejamos, um senhor, reclamava "direitos de autor" numa imagem que digitalizou de um livro amplamente conhecido. Limitei-me a mudar a imagem para uma que esteja devidamente identificada do site wook, porque na verdade o individuo achava-se merecedor de um link autoral para o seu respectivo blog. Será que ainda não percebeu que isto por aqui é um antro de Putedo, ó Sr. Alfredo? Não fica bem a ninguém, andar por estas bandas...
Comida por Puta...
Uma mulher tem de ouvir com cada coisa! No outro dia, o escândalo, afinal "tipa" quer dizer puta. Não sei em que dicionário, mas por acaso eu sou uma "tipa bem fixe" e puta só mesmo quando me fodem o juizo! Numa outra ocasião conversa informal, jantar, ovos, salsichas e batatas fritas "isso é comida de putas". É caso para dizer que a mulher é puta, por ser...e por não ser. Mas já que se fala nisso, uma das maiores "putas" da história do cinema pornográfico, Linda LoveLace, figura que muito contribuiu para o aperfeiçoamento do felácio por esse mundo. Isto sim, uma puta que sabe fazer as coisas como deve ser, infelizmente, não soube viver.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
A Flor de Estufa
Sou eu, a que não pode apanhar, frio ou calor, tudo serve para lhe alterar os humores e as vontades. Ingeri farmácia inteira, entro de férias para a semana e não quero fazê-lo fanhosa, mas o meu corpo sente, toda eu sinto que não estou bem. O que fazer, pergunto à mãe, a mulher que sempre soube todas as respostas às minhas inquietações. Chazinho quente. Assim fiz, o chá, os comprimidos, as pastilhas efervescentes, os rebuçados para a garganta, tudo em sintonia. Eu deitada, mais morta que viva, o gato em cima do meu peito, supervisionando-me, uma espécie de enfermeiro sem bata branca mas de unhas afiadas. É amoroso sim, se não soubesse que enterrou a primeira dona. Em fase delirante, olho-o e penso, sai daqui gato do demónio, estás a ver se já despachaste mais uma ??? Ele tem uma missão, mas eu vou dar-lhe a volta, porque já fiz planos para o meu dia de anos, passado com gente boa, a comer que nem uma alarva e o meu bolinho vai ser um cupcake gigante cheio de cremeeeeeeee....o gato nem julgue boicotar-me! Nem penso duas vezes, vai directo ao tacho e vira coelho à caçador....
segunda-feira, 30 de abril de 2012
# Cats - Grace Kelly
Se há coisa que me aborrece, a enorme simpatia do meu gato, com os desconhecidos. Não tem qualquer problema em saltar-lhes para o colinho descontraidamente, enquanto me olha, provocando. Sabe o quão ciumenta e possessiva sou, e com requintes de malvadez provoca-me ao receber visitas em casa. Amuo, venho para a cama, ele vem de fininho e tenta reconquistar-me. Deita-se em cima do meu peito e lambe-me a cara, o pescoço, os olhos, o cabelo, ao ponto de quase deixar-me em chaga, porque língua de felino não é menos que palha de aço, puro. Até que ponto este não será mais um plano macabro do velhaco que acolho todos os dias na minha cama, só Deus saberá?!
Para quando o meu final feliz?
A fasquia esteve sempre muito baixa, e assim mantinha-me numa zona de conforto, feliz com pouco que era o bastante...no fim das contas, o que mais poderia desejar? Um dia vi-me sem absolutamente sem ninguém, e se há alturas, com orgulho me assumo "orgulhosamente só". Há aquele dia, que por qualquer motivo, observo um homem lindo, olhos amendoados, sorriso maroto, corpo escultural e penso, é areia, muita areia para a minha camioneta. Ao meu lado, miúdas com síndroma de mongolismo, unicamente mental, passeiam-se com belíssimos exemplares por essa Lisboa.Pergunto-me, não haverá no mundo, alguém com predisposição para me amar pelo que eu sou? Para logo depois a resposta fazer-se ouvir no meu subconsciente, enquanto continuar a pedir desculpa por ter nascido, não haverá homem que me queira a seu lado. E até o gato, só se mantém fiel, porque lhe fecho a porta a sete chaves.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
O macaco que ri e o rato também....
Adoro animais. E num interessante documentário na TVI24, cientistas, concluíam que os macacos devidamente estimulados riem, sorriem ou chegam mesmo a dar grandes gargalhadas. Foi bastante enternecedor, comparar os símios a nós e realmente alguns casos era mesmo flagrante. Num outro registo, os ratos também riem, é mais difícil de captar o som, mas ficam maravilhados com a brincadeira e uma vez que parem os estímulos, dão pequenas mordiscadelas na mão do cientista, pedindo mais umas cócegas e assim divertir-se. Hoje quase não falei de outra coisa, calha-me a Cristina e a sua terapia do riso, e encontro a colega Manuela que me confidencia que o seu cão sorri com os olhos, uma coisa linda de se ver. E eu penso, o cabrão do meu gato, deve andar sempre mal disposto. Só pode ser mau feitio, porque compro-lhe a comida mais cara, fica com o melhor lugar na cama, tem total acesso à casa e eu que pague a renda e lhe limpe a merda, enquanto "o doce caramelo", ainda se peida mesmo nas minhas fuças em sinal de agradecimento. Eu acho que não há animal mais lindo no mundo que o felino, têm os olhos mais hipnóticos do reino, mas é com um prazer mórbido que nos recordam, todos os dias da nossa vida, que não valemos ponta de chavelho e que por mais que nos esforcemos, nunca seremos bons o suficiente. Ao ponto que a sua espécie, não tem razão de existir, mas eles convencem-nos apenas com aquele olhar, que o mundo fica mais bonito porque nele habitam e por isso devemos sentir-nos gratos.
Afundei...
A Cristina, conheci-a hoje, acredita que o riso é o que nos salva.Ando perdida, sempre, metafórica ou literalmente, perdida, mas gargalho muito. Sou tola, e gosto, é uma natureza que acolho com graça, porque no fundo sou a primeira a rir de mim mesma. Há porém calcanhares de Aquiles, um deles, o facto de estar há demasiado tempo sozinha. Eu gosto do meu espaço, adoro dormir com o meu gato, mas só faz sentido estarmos neste mundo para uma entrega total e quando o faço, é mesmo, sem medos e lá vou eu da pracha, lançando-me de cabeça, num belo mergulho olímpico. Quando amamos é um acto sublime, entregar numa bandeja de ouro, o coração, sem reservas. Depois de muito partilhar ideias acerca do riso com a Cristina, e de como ultrapassar as adversidades, falei-lhe desta minha frustração. Mal pode crer, uma miúda tão gira sem qualquer pretendente. Achei graça, outras pessoas sozinhas contam que lhes dizem o mesmo, bolas, há uma considerável diferença, em alguns dos casos parecem-me elogios caridosos. Lamento a imodéstia, mas aqui a gata é um naco e, portanto, eu própria acho ridiculo não encontrar um "sapatinho" para o meu pé. Disse á Cristina que era uma questão de "encalhanço. Ao que ela reformula graciosamente, a gata não está encalhada. A gata é como um barco, está simplesmente à espera que a ponte se abra para puder passar. Amarelo, foi o meu sorriso, há muito que as minhas esperanças afundaram e ás vezes até receio que o meu coração tenha virado uma pedra de gelo, pior que o do coitado do "jack" que morreu de hipótermia...mas ao menos finou-se (palavra tão à romance histórico) acreditando que o amor existe.
Afinal, o Pedro, também gostava pouco, gostava...
até podem dizer que nunca se viu tanto paneleiro como agora, não passa de uma ilusão, talvez por não serem tão "borbuletantes" passassem mais discretamente. Mesmo assim, quando se lutava por um pedaço de terra, onde abundava a miséria, a fome, as doenças e as pessoas morriam demasiado jovens, os senhores Reis gostavam de maquilhar-se, joias, e perucas. Se isto não é de panasca, vou ali e já venho! A Ana, diz-me, vês maricas em todo o lado, é um facto, estou sugestionada pela minha relação com o Guilherme. Infelizmente, e no fim das contas, tenho sempre razão, maldito "gaydar", apuradíssimo, mesmo sem querer apanha os sinais. Porque agora dei numa de bicha culta, leio romances históricos, mas atenção, só leio o da Leonor Teles, grande coirão fodilhão e gosto de um quê de promiscuidade. Em promoção, havia Inês de Portugal, a lamechice do costume, trouxe na mesma. Porque é fininho como uma fatia de fiambre, fui lendo e não é que...se revela o que o meu radar gay jamais imaginaria, então o D. Pedro, o tal da Inês de Castro, também gostava de um bom toque rectal. Diz-se que foi pelo desgosto, mas foda-se, eu tenho desgostos que se farta e não vou começar a consolar-me com patarecas.
Aqui estou eu e o gato, ele auto-brocha-se com despudor e eu vejo os crimes do Zone Reality até às 6 da manhã. Fair enough!
segunda-feira, 23 de abril de 2012
I'm a Lady....
...or not!
Chego a casa e só me quero esticar. Mas antes disso, há tanto a fazer, por onde começar? Tiro os sapatos, pego nos enlatados, atiro ao prato e micro-ondas, aproveito para ir ao escritório ligar o pc. O manjar, responsável pela minha morte prematura com um qualquer cancro está pronto, nisto já despi as calças, e vou comendo com o prato nas mãos, no corredor, vejo a conta da luz para pagar e ponho-a de parte, e lá vai mais uma garfada e bom, tenho vontade de ir à mijinha, e porque a casa é só minha e do gato, sento-me sem pudor na sanita e prato na mão e lá vai mais uma garfada. Percebo por fim, que afinal não era só o chichizinho e páro, saio do meu próprio corpo e observo-me à distância. Ali estou, arreando o calhau, nua da cintura para baixo, com um prato na mão, um garfo na outra. E em vez de pensar, que mais baixo não poderia descer, volto a mim, tentando encontrar uma solução para, naquele gráfico preparo, limpar o meu próprio rabo.
Maluca
Saio à rua em pijama, roupão e pantufas. Antes era à noitinha, agora é com dia, o sol a raiar, os vizinhos passeando os filhos. Levo pela mão apenas a chave do Ford cor de cerejinha, antes de entrar na viatura oiço alguém chamar "maluca". E, como às vezes me considero a mulher invisivel, até me dou por contente, algum vizinho de língua afiada, quem sabe, bateu o olho na minha linda figura. Olho, discreta, tentando perceber quem se trata, é na verdade uma boneca com leggins às flores, chama "Luka", o cão, que costuma roubar-me as sestas ao fim de semana. Até naquele dia, o cabrão do canuco conseguiu tirar-me o protagonismo.
domingo, 22 de abril de 2012
Opilca
A minha mãe anda doente. Nunca tira dias para ficar em casa. É de erguer as mãos aos céus de preocupação vê-la deitada, pijama, comando na mão e olhar murcho. Mesmo assim, no meio da apatia, levantou-se para colocar canja num "taparuere" e ressalvar que está cheia de carninha. E eu que ando a evitar carne só penso na desgraçada de galinha; degolada, depenada e o diabo a sete para servir o manjar. Antes de sair, canja na mão, entrega-me um pacote de bandas de cera Opilca, e com o seu olho clínico logo percebi, o buço, gata...o buço, andas tão descuidada.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Farts Are Us
Uma senhora não se peida, descai-se. Poderia dizer de mim, sempre a descair-me, mas como não sou uma senhora, peido-me e à fartazana. Há sempre muito ar dentro de mim e isso intriga-me. Às vezes penso, será que os outros também são estas bombinhas de mau cheiro, como eu? Tantas vezes me contenho, depois é pior a emenda que o soneto, e oiço o gas em revolta nas tripas, tão estridente, e desculpo-me com "É fome". Fome, uma merda! Dias há, se ingiro determinados alimentos, e estou no quarto, cada jarda sai pior que a outra. É um fedor, francamente, parece que está um cadaver a dormir a meu lado. E talvez tenha mesmo morto o coitado do gato que lá fica impavido e sereno debaixo das mantas. Durante mais de um ano, o meu gato tem sofrido, tadinho, até fazer o mesmo. No meu colinho quente, vejo-o de cauda a "dar a dar" e um cheiro terrível. O quarto ficou impestado de peido de gato e que podia eu fazer? Repreendê-lo? O meu pai ensinou-me que devemos libertar, sempre, ou o intestino ainda se embrulha e vamos desta para melhor. Somos, por isso, um casal feliz, eu e o gato, num quarto absolutamente fedorento...às vezes, nem sei se o cheiro é dele ou meu, mas neste nosso amor, assumimos o fedor, simplesmente como "nosso".
quarta-feira, 11 de abril de 2012
A cura para o sofrimento
A velhota sentada na estação. Começava a chover. Eu passava de olhos nela, e pensei, tenho uns trapitos que te ficavam lindamente. Agora, quando observo uma mulher, é sempre na perspectiva analítica. Em que te poderei ser útil? - apetece-me pôr os meus serviços a jeito. Silencio-me e passo entre a chuva. A velhota, porém, também me poderia ser útil em qualquer coisa, reforçando a fé há muito perdida. Em mim, talvez nunca a tenha tido, nos outros, nem pensar. Abre um saquinho e retira uma revista que me parece familiar, dirige-se a mim, e eu fujo a sete pés com os ouvidos entupidos pelo som dos "Morphine", procurando "A Cure For Pain".
O meu amor é um caramelo
As horas passavam, tantas voltas na cama. Ora frio, ora calor. Tapa e destapa. O gato sossegado mas eu num terrível desassossego. Levantei-me mil vezes e mil vezes me deitei. Liguei e desliguei a tv. Mudei de canal, nada parecia resultar. Sai da cama, deixei o gato e fui dormir para a pequena cama do escritório, apenas com um cobertor e a janela aberta. Nem 5 minutos depois, tinha chegado o gato, aninhou-se no meu colo, dormimos juntinhos a fazer cadeirinha. Fiquei toda torta, bati montes de vezes com a cabeça na parede e acordei às 10 da manhã com o telefone a tocar. Já deviam saber que não estou para ninguém antes do meio dia. Estava na hora de voltarmos para o quarto e dormir até às 2 da tarde.
O pombo
Essa ideia de merda que o mundo tem de odiar os pombos, irrita-me. Depois, esses "humanoides", admiram-se que lhes caguem em cima, é bem feito, uma pequeníssima vingança, comparada com as maldades que lhes fazem. Em Paris, cidade que odiei, era vê-los amputados, num estado miserável, devido aos electrochoques. Não sugiro que se corram os pombos a fraldas, mas haverá certamente uma solução, e não passará por matá-los, inventando até que transmitem doenças. A minha amiga Luísa, contou-me a história da pomba Amália, conhecida mundialmente por ter sido salva pela Melody Gardot, na sua passagem por Portugal. Hoje, na ida para o trabalho vi um pombo doente num parque de estacionamento. Passadas várias horas, voltei a passar pelo mesmo sitio e lá estava o pombo. Senti-me uma idiota impotente. O que poderia fazer por ele?? Trazê-lo para casa e servir de piteu ao gato? Levá-lo ao veterinário e rirem-se de mim? Afinal, é uma merda de um pombo! O bicho não me sai da cabeça, ao passo que certas pessoas, não as olho uma segunda vez porque não merecem o meu respeito. E outra houve, com quem perdi o meu tempo, e que agora penso...tivesse pegado realmente no pombo que precisava de mim, em vez de me desgastar com histórias delirantes com o único propósito de chantagear-me.
Comprometimentos...
Soube desde tenra idade, alianças não. Relações sérias que as tive, nem me falassem nessa possibilidade. Esclarecia logo à partida a minha forma de conceber o amor e não inclui, partilhas de tecto, anéis, filhos ou a cabeça no cepo. Hoje, a Filipa, com quem tenho vindo a estreitar relações, e jura-me a pés juntos que não é fufa, trouxe-me alguns anéis para vender. Adoro anéis e raras vezes encontro os que me agradem, tenho o problema de oxidarem com o meu suor, mesmo assim não resisti. Comprei-lhe quatro: wisdom, hope, free, love. Os lemas da minha vida, sem que isso queira dizer que venha para aqui dar moral e escrever frases bonitas para receber comentários que mais não são do que "pancadinhas" nas costas. Para isso, andam ai vocês! BITCHES!
Eu sou a bardajona que no fundo, sente-se amarrada com o raio dos anéis. Parecem-me alianças, pela cor, pelo formato, mais um bocadinho e comprava "til death do us part". Gosto deles, uso-os no momento, observo-os enquanto os meus dedos deslisam pelo teclado, mas há uma certa azia que se instala, mesmo que inconscientemente. Direi, para auto conforto, sou comprometida comigo e com os meus princípios. E mesmo que ultimamente tenha engolido alguns sapos, e olhado na cara de algumas pessoas que só desejaria vê-las evaporadas da minha vida, mantenho-me fiel.
Sobrevivência, é um conceito interessante que tenho desenvolvido com a idade....
segunda-feira, 9 de abril de 2012
I've been a bad bad girl....
Não é bonito. Todos nós temos os nossos episódios infelizes. Os meus têm sido, talvez, bastante usuais. De quando em vez, e quando se justifica, peço desculpa pelo sucedido, mas não será este o caso. Dei comigo, num comportamento compulsivo, a lembrar uma "Stalker", só faltava ter a bazuca apontada para o fulaninho. Mas é geralmente isto que acontece, quando não há tempo de dizer tudo o que pensamos, e foi o caso. Ficou tudo por dizer, e não me parece, que mudará alguma coisa, verbalizar alguma da minha indignação. Serve, egoisticamente, para libertar algum gás há muito acumulado. No meio do comboio, acedi ao mail pelo telemóvel num ataque de "ganas" e terei enviado de rajada ( e sem resposta de volta) três mails (em minha defesa, foram mails curtinhos), numa abordagem de "olha lá", entre outras expressões muito "à burgo" e que ditas, olhos nos olhos, dariam um ambiente extremamente hostil. Fiquei aliviada, mas continuo com uma mórbida vontade de atacar a pessoa por todas as vias possíveis e imaginárias. Assim perderia a razão. Já tudo foi dito (escrito), agora é deitar para trás das costas e não permitir que outros "vampiros" entrem na minha vida com um único objectivo de se alimentar da minha boa energia.
Anda ai passarinho novo....
Coloca-me papeis debaixo da porta, com o número de telemóvel e um sem número de promessas. Sou do tempo que se analisava a caligrafia, gosto de homem com letra bonita, o melhor é não ser exigente. Atabalhoado ou não, ter papelinhos debaixo da porta, lembra-me a minha amizade com a Claudia do R/C Dto. Eramos miúdas, todas as semanas nos zangavamos por um motivo qualquer, como não havia mais ninguém no prédio a não ser uns quantos velhadas, ou os putos do 3º piso, se nos apanhassem, faziam de nós carne para canhão. Tenrinhas sonhavamos com o príncipe encantado que nunca chegaria. Para fazermos as pazes, escreviamos um bilhetes "queres ser minha amiga?" com dois quadrados "sim" e "não". A tarefa, colocar a cruz na opção "sim" e voltaríamos à nossa harmonia, pelo menos durante uma semana. O David, e a sua escrita tacanha, coloca panfletos do Meo debaixo da minha porta, e de sobrenome Passarinho, fez-me sorrir. Está bem, não é nenhuma carta de amor, o senhor passarinho ficaria contente que eu deixasse a Zon, para assim ganhar uma comissão. Mas o nosso caso, não irá longe, visto que nem eu assino pelo MEO, nem ele virá comer a esta "passarinha". É uma pena...
Amigas Tóxicas
No metro, a capa da revista Happy, títulos muito apelativos. Não compro imprensa feminina, mas os títulos inspiram-me para algo que nada tem a ver com as lições de moral que se podem ler nas páginas dessa imprensa cor de rosa. Se há característica que me orgulho, pôr à borda do prato quem não constitui uma energia boa na minha vida. Confesso, num ou outro caso, tem sido difícil mandar essas pessoas "pastar", talvez porque me tenha tornado demasiado "mole". Afasto-me gradualmente, para assim o choque não ser frontal, como num acidente de grandes proporções, de fazer parar o trânsito na 25 de Abril. Não consigo deixar de acreditar, no meio da loucura de algumas pessoas, haverá algo que fará de mim um ser humano muito melhor, ao aceitá-las na minha vida, tolerando a diferença ou ( por vezes é intolerável), sentir-me ludibriada e manipulada. Ter consciência disso, já é um bom princípio, saberei à partida com o que contar (ou não). Aprender a lidar com os outros, tal qual são, mesmo que no fundo os consideremos absolutamente desequilibradas, é uma força que me ajuda a manter alguma sanidade mental (por incrível que pareça). Fossem criaturas humildes, recomendava-lhes o meu médico. Assim sendo, sou uma mera receptora das suas contradições, e se antes as tentava compreender, hoje deixei de querer saber, limitando-me a ser um mero receptáculo dos "chorrilhos" delirantes que lhes sai boca fora. Sou louca assumida, mas estou a tratar-me...não me parece haver salvação para quem não pede humildemente ajuda. Já lá vi o tempo de me insurgir, de encontrar forças em mim, a energia que ofereci gratuitamente...sem nunca ser verdadeiramente solicitada. Sou como aquele palhaço do MAC, costuma estar à porta, limito-me a estar, quem quiser senta-se a meu lado, a conversar, a brincar com a minha batatinha na ponta do nariz, mas já não dou, com a paixão que um dia dei o meu coração numa bandeja de ouro.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Mulher de bigode....
nem o diabo fode! Ouvi da boca de uma brasileira, enquanto toda "escarrachada" me depilava até ao tutano, num cenário tão deprimente como o das actrizes porno a tentar sensualidade quando nada mais é que embaraço. Foi mais ou menos o embaraço que senti, comendo o "petit gateaux" molhadinho por dentro e uma bola de gelado por fora, surge a pergunta da Ana, sobre como aprofundar "literalmente" a arte do felácio. Antes que o gelado derretesse, fiz sinal com a mão, como quem diz aguenta ai os cavalos, ao que ela continuou falando da mesma temática e eu lambia as beiçolas do negro chocolate do pequeno bolo. E só oiço a palavra "rata" para que os meus sentidos se turvem. Meus caros bloggers, eu também sou uma pessoa sensível.Digo foda-se e caralho à boca cheia (também o faço com gosto se o orgão pertencer ao homem que me roubou o coração), mas há duas palavras que não gosto e até me ferem; cona e rata.
Sobre a arte do broche, falamos noutro capítulo, se me permitem....A Ana também esperou e valeu a pena!
Putrefação
Alguma coisa havia morrido cá em casa. Desconfiei de mim própria, numa semana de horrores, alienação total e sentimento de ausência, teria morrido e esperaria a chegada do postal com a certidão de óbito? O gato, lambeu-me com o seu hálito dos infernos, senti um desejo enorme que chegasse depressa o fim de semana (chuvoso ao que parece) para aqui ficar, com o portátil no colo, o gato aos pés, o plasma na parede e eu de janelas fechadas até cima sem pinga de luz, entrando do exterior. Estava bem viva afinal, numa espécie de casa de espíritos, sem barulhos, sem o som da minha própria respiração, apenas uma luz de um ecran e algumas teclas a bater descompassadamente. Santo Deus, cheira tão mal nesta casa. Não é habitual, quem me visita, elogia o cheiro, e hoje, julgariam um cadáver escondido debaixo do sofá, dentro do guarda fatos ou quem sabe por baixo do lava loiça. Acendi velas, muitas (ainda as sinto a arder, essência de morango, óleos essenciais) e o principal, arregaçar as mangas e lavar aquela loiça imunda. Depois um pouco de lixívia no ralo e a casa voltou ao normal. Só o meu espírito, ás vezes com vontade de fugir do próprio corpo, se move numa casa demasiado grande. O gato, dorme quando eu durmo, come quando eu como e acorda quando eu acordo. Talvez sejamos dois espíritos perdidos numa casa, onde acima de tudo reina a paz.
A piça...Ricardo...deslarga-me....
O Ricardo é um querido, mas a excessiva confiança faz dele um tipo, convencido. Em muitos aspectos não é o meu tipo de homem, em tantos outros poderia ser, mas a alergia que lhe começo a ganhar leva-me a uma fuga, quase tão intensa como as que fazemos aos vendedores da cabo. O Ricardo auto-promove-se, vende-se, gratuitamente, o que é de louvar num povinho de moral tão em baixo. Tanta "cagança" tem hora! Especialmente se entende erradamente um elogio de circunstancia e aproveita para atirar uma vez mais "barro à parede", num caso crónico de mais garganta que outra coisa. Eu já lhe disse para me largar a "piça", achou que estava a brincar. Com esta cara de boa pessoa é difícil alguém levar-me a sério quando se dizem as verdades com um sorriso nos lábios. Mas detesto partir para a estupidez gratuita...a não ser que seja neste blog:)
domingo, 1 de abril de 2012
O carnaval, sem brasileiras bundonas....
É redundante dizer da minha auto-estima; baixa, rastejante, na lama - caso crónico e perdido. Não há "happy pill" que pudesse fazer por ela, o que o comprimido azul faz por um qualquer caralhito sarnento, (notem disse "caralhito para almas mais susceptíveis), erguê-lo com toda a pujança nem que por apenas 15 minutos, vá lá, meia hora. É portanto de estranhar, não ter ficado arrasada, ao ponto de partir o vidro do comboio da ponte com a própria mala (à semelhança da velha da série "Duarte e Companhia" parece que levo mesmo um tijolo lá dentro) para me atirar às mais profundas águas do Tejo e assim dizer adeus à humanidade. Vejamos, minutos antes, chego ao quiosque costumeiro para beber café, a mulata de humor volátil pergunta-me "vens mascarada a quê?" - e eu que achava estar com uma pinta descomunal, naquele momento tive a certeza absoluta. Ela rematou "diria que hoje pareces uma chinezinha". Durante o dia muitos olhos se viraram para mim, mas nunca num instante, deixei de me sentir com uma tremenda pinta, uma cidadã europeia, quem sabe caminhando pela Londres cinzentona, que adoro.
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