Saio à rua em pijama, roupão e pantufas. Antes era à noitinha, agora é com dia, o sol a raiar, os vizinhos passeando os filhos. Levo pela mão apenas a chave do Ford cor de cerejinha, antes de entrar na viatura oiço alguém chamar "maluca". E, como às vezes me considero a mulher invisivel, até me dou por contente, algum vizinho de língua afiada, quem sabe, bateu o olho na minha linda figura. Olho, discreta, tentando perceber quem se trata, é na verdade uma boneca com leggins às flores, chama "Luka", o cão, que costuma roubar-me as sestas ao fim de semana. Até naquele dia, o cabrão do canuco conseguiu tirar-me o protagonismo.
