Aquele ambiente do bairro dá-me azia. Comentava com a Cristina, eu deveria gostar de estar no meio da populaça, dos que comem de porta e boca aberta, e sinto uma espécie de culpa pelos muitos "compensan" que já "chupei" só de pensar ir à Mouraria ou a Alfama. É claro que no dia dos Santos, a coisa é diferente, uma pessoa vai de passagem, numa de turista come uma bifana cheia de sebo e aquilo sabe como em nenhuma outra altura do ano. Desertora, cresci no Bairro de Santa Catarina, junto à Bica, aos 8 anos escapei, para nunca mais voltar. Tenho saudades da Travessa da Hera, pela Dona Albertina e pela Fernanda, mas até elas se escapuliram para Oeiras. Dizia de mim uma bonequinha de luxo, sempre na sua redoma, cheia de gomas, chocolates, gelados, perfumes, cupcakes, Barbies ou comédias romanticas com final feliz. E a Cristina, perspicaz, sem rodeios, pergunta; mas há alguma necessidade da gata ser uma vira lata e meter-se no meio da merda?
