sexta-feira, 13 de abril de 2012

Farts Are Us


Uma senhora não se peida, descai-se. Poderia dizer de mim, sempre a descair-me, mas como não sou uma senhora, peido-me e à fartazana. Há sempre muito ar dentro de mim e isso intriga-me. Às vezes penso, será que os outros também são estas bombinhas de mau cheiro, como eu? Tantas vezes me contenho, depois é pior a emenda que o soneto, e oiço o gas em revolta nas tripas, tão estridente, e desculpo-me com "É fome". Fome, uma merda! Dias há, se ingiro determinados alimentos, e estou no quarto, cada jarda sai pior que a outra. É um fedor, francamente, parece que está um cadaver a dormir a meu lado. E talvez tenha mesmo morto o coitado do gato que lá fica impavido e sereno debaixo das mantas. Durante mais de um ano, o meu gato tem sofrido, tadinho, até fazer o mesmo. No meu colinho quente, vejo-o de cauda a "dar a dar" e um cheiro terrível. O quarto ficou impestado de peido de gato e que podia eu fazer? Repreendê-lo? O meu pai ensinou-me que devemos libertar, sempre, ou o intestino ainda se embrulha e vamos desta para melhor. Somos, por isso, um casal feliz, eu e o gato, num quarto absolutamente fedorento...às vezes, nem sei se o cheiro é dele ou meu, mas neste nosso amor, assumimos o fedor, simplesmente como "nosso".