A Cristina, conheci-a hoje, acredita que o riso é o que nos salva.Ando perdida, sempre, metafórica ou literalmente, perdida, mas gargalho muito. Sou tola, e gosto, é uma natureza que acolho com graça, porque no fundo sou a primeira a rir de mim mesma. Há porém calcanhares de Aquiles, um deles, o facto de estar há demasiado tempo sozinha. Eu gosto do meu espaço, adoro dormir com o meu gato, mas só faz sentido estarmos neste mundo para uma entrega total e quando o faço, é mesmo, sem medos e lá vou eu da pracha, lançando-me de cabeça, num belo mergulho olímpico. Quando amamos é um acto sublime, entregar numa bandeja de ouro, o coração, sem reservas. Depois de muito partilhar ideias acerca do riso com a Cristina, e de como ultrapassar as adversidades, falei-lhe desta minha frustração. Mal pode crer, uma miúda tão gira sem qualquer pretendente. Achei graça, outras pessoas sozinhas contam que lhes dizem o mesmo, bolas, há uma considerável diferença, em alguns dos casos parecem-me elogios caridosos. Lamento a imodéstia, mas aqui a gata é um naco e, portanto, eu própria acho ridiculo não encontrar um "sapatinho" para o meu pé. Disse á Cristina que era uma questão de "encalhanço. Ao que ela reformula graciosamente, a gata não está encalhada. A gata é como um barco, está simplesmente à espera que a ponte se abra para puder passar. Amarelo, foi o meu sorriso, há muito que as minhas esperanças afundaram e ás vezes até receio que o meu coração tenha virado uma pedra de gelo, pior que o do coitado do "jack" que morreu de hipótermia...mas ao menos finou-se (palavra tão à romance histórico) acreditando que o amor existe.
