Não sei que raio a Cristina fez comigo. Três consultas, apenas. E despachou-me com uma pinta do caraças. À hipnoterapeuta de formação, disse-lhe olhando fundo naqueles olhos azuis cor do céu, eu não acredito nestas tretas, mas como tenho umas quantas "gavetas" desarrumadas, este é talvez o último recurso. Três consultas, conversa, troca de ideias, e a tipa não lançou nenhum pêndulo frente aos meus olhos, não me adormeceu, não me deixou a falar para o ar como se tratasse de uma lunática rodeada de amigos imaginários ou fantasmas escondidos no armário. Nada. Um dia acordei e o meu cérebro parecia em "reboot" e o que sou mantém-se, porque não quero deixar escapar a minha ingenuidade e saltar para o reino cinzentão dos adultos. Mas se raras vezes tirei os pés do chão, agora sei, não devo caminhar por areias movediças ou terrenos empoeirados. Nunca neguei, sou uma gata da cidade, gosto da calçada limpa e acho que cada um deve limpar a merda do seu próprio cão. Levem um saquinho no bolso, sim? A armadilha comigo já não funciona e não voltarei a cair na vossa merda!
