quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Saudades de mim...

Poderia ser um título de Fado, agora a Património Imaterial da Humanidade, calha bem. Não, é tão simplesmente um estado de alma, saudades de mim, contudo não quero dizer "ó tempo volta para trás" porque gosto muito de reconhecer o caminho percorrido e a evolução que sofri. E quando há quem diga, numa de moralismo baboco e concelho de cordel "nunca mudes", apetece-me mandá-lo à merda. Eu mudei, e continuarei a mudar, porque quero muito ser melhor. Mesmo assim, tenho saudades de mim, de quando a bancada da minha cozinha não se enchia de caixas de medicamentos, quando não me sentia uma cobaia de um qualquer médico armado em esperto, quando bastava um bolicau para que tudo ficasse sanado. Tenho mesmo muitas saudades de mim, mesmo assim, gosto mais de mim agora.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O amor acontece...

mesmo quando estamos à beira de um ataque de nervos. Digo, eu, passei talvez um dos mais enfermos Natais que me lembro, enfiada na cama, com um só desejo, ter paz e silêncio de espírito. Todos os anos gracejo com o facto do meu pai estragar o nosso Natal, aliás ele é pródigo em amuar nessa altura, e se por acaso nos dá uma benece na época natalina então, é certo que o ano novo será catastrófico e até as 12 passas prometem deixar-nos com azia. Pois este ano, todos estavam bem dispostos, gracejavam em voz alta, ouviam-se as panelas na cozinha, tudo como se quer numa família funcional. Mas eu era o elemento disfuncional da consoada, depois de 3 drunfos seguidos, uma soneca até à meia noite, acordei e percebi que pelo primeiro ano tinha sido a desmancha prazeres.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Mini Me


Que raios, a Beca, deixou uma saca de roupa velha para me desfazer. Meti o nariz dentro do saco e havia peças vintage ou retro. Não resisto a velharias, o que seria para despachar, passou directamente para este corpinho lindo. Lenços e um poncho, sai à rua, vaporosa, e senti-me uma "mini Beca". A ideia não me agradou, a não ser que tivesse a clarividência da senhora para compreender a vida nos astros.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Coleccionador


O Guilherme é um exímio coleccionador de pessoas. Lembro quando tive o primeiro gato, pardo, logo quis ter outro, e segui numa paixão desmedida coleccionando felinos de várias cores. Fazê-lo com pessoas, é meio sórdido, ouvir falar do carequinha, do gordinho, do loirinho, quase lembra o desfile de gatos que há lá por casa. Lá me vou rindo com as histórias do Guilherme, e como se descarta de alguns elementos da sua colecção. Uns porque cheiram de alfazema, outros gostam de música indie, e há os que simplesmente são demasiado sensíveis, a lembrar quase uma mulher. Na colecção do meu querido amigo, há certamente um défice feminino, sinto-me o novo cromo da sua colecção. Olha-me fascinado, diz estar a escrever um conto sobre mim, e dá-me a sensação que até nem se importava de fazer um "test drive" para desenjoar. Isto não me agrada mesmo nada, o Guilherme é um doce, mas sem dúvida um yogurt estragado.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Eu também sei montar....

Uma mulher que vive só com um gato tem de desenrascar-se ou está tramada. O gato não mexe uma palha, pedir uma mãozinha ao vizinho pode causar problemas e não queremos ser chamadas de destruidoras do lar, portanto, que fazemos...efectivamente...fazemos. Comprei uma espécie de cabide gigante com rodas no IKEA, o drama logo à partida e trago o artigo errado. Ninguém disse que seria fácil, mesmo assim, com uma dose de paciência que vou buscar não sei onde, já tenho o dito, cujo o meu amigo paneleiro insiste em dar um nome em francês pois é chique e ele é larilas, e larilas é mesmo assim. Ferros, parafusos, e eu. Recuso-me ler instruções porque não as compreendo, não há tempo a perder, tenho de montar sem um único homem em casa. O gato, não ajuda, bem pelo contrário, importuna. Mãos à obra, tentativa erro, mais de uma hora depois, a fazer lembrar uma das últimas plásticas da Cher, hei-lo, algo caquéctico, mas erguido.     

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Laços de Ternura

 Socorro, foi assim que um caro amigo encarou a primeira abordagem deste post. Queixo-me de não ser lida, de escrever para o boneco, intensificando tantas vezes a minha solidão. Receber um simples sms, consola-me o espírito, sinto-me importante e uau...realmente há alguém do outro lado. Esse é dos sentimentos mais bonitos, quando recebemos em dobro, o carinho que damos desinteressadamente.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mulher invisivel?

Durante anos sentia-me a mulher invisível. A gorda, badocha and so on...and on...
Agora não é o caso, mas continuo a sentir-me igualmente invisível. Até gosto de estar na sombra, passar entre a chuva, deixar os aplausos para quem gosta do brilho das luzes e de usar vestidos com purpurinas. Mas quando o facto, sorrateiramente, interfere na auto-estima, há um problema. Hoje, na Fnac, talvez pelo meu cinto largo, ou micro saia (como queiram chamar), pela primeira vez não precisei correr atrás de nenhum funcionário. Bem pelo contrário, abeirou-se de mim, disse-me que parecia andar perdida, predisposto a ajudar-me, falámos do Perry Blake, "flirtamos" desajeitadamente e o meu ego, encheu-se que nem um balão. Às vezes precisamos levar umas valentes "bombadas", bem ao estilo das que se usam para encher os pneus das bicicletas, e assim pedalamos, rumo a uma melhor relação connosco mesmo. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

Verde de inveja

É um sentimento muito feio, inveja. Especialmente se, por vezes, invejamos uma amiga. Eu sinto-me desconfortável com isso e luto diariamente com esse sentimento. Para minorar a situação, assumi o facto perante o alvo da minha inveja, ao que a própria atribui uma simples ciumeira. Ciumeira também não seria bonito, e nisso sou pródiga, sim coleciono defeito como quem guarda multas de estacionamento no porta-luvas, mas é factual. Pelo cariz crónico destas caracteristicas, vulgo, defeitos, não há margem para dúvidas que tenho a mais vil inveja de alguém que com tão pouco, consegue tanto. Alguém que erradia para si energias tão mais positivas que as minhas e cujas pessoas se perdem de amor pela sua aura, seja de que cor for. Eu sou solitária, adoro a minha solidão, mas foda-se, às vezes doi muito....

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Somos família, agora!

Os gatos são friorentos. Todos os meus felinos adoram enfiar-se debaixo das mantas e ficar ali horas, intermináveis. Esquecem tudo, o quente e o amor, são o bem mais precioso, portanto por longas horas não precisam de mais nada. Pois bem, o gato que vive comigo há um ano, não é assim. Dorme comigo, sim, mas por cima das mantas. Coloco a mão no seu pêlo e está frio, mesmo assim recusa-se a entrar comigo na cama. Até o gato, penso. A nossa relação não foi fácil nos primeiros meses, e só agora compreendo que demorou um ano a solidificar-se. Há uma semana, o meu felino doce caramelo, já entra sem receios debaixo das mantas, e porque se sente amado, ali fica horas intermináveis, a dormir.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

É só preciso um pouco de respeito....


Por mais que me custe, gosto de respeitar a vontade dos outros. Como egoista e o centro do meu próprio universo, quero muito sentir a meu lado um espírito livre para voar quando bem entender. Hoje, tomar o pulso numa amizade poderia contrariar uma eventual fatalidade, mas estaria a desrespeitar uma decisão. Deixá-la ir e ficar de braços cruzados, amarga-me na boca, mas decidi, mais do que uma batalha em campos oposto nesta vida, quero lutar consigo e no mesmo lado da barricada. É sempre divertido e mesmo quando há sangue, lambemos as feridas de sorriso nos lábios e olhos lacrimejantes. Porque não sabemos se havemos de rir ou de chorar.... 

Degolada...

Acho a beleza da Kristen Dunst tão insípida como a minha. Em comum, as covinhas nas bochechas, lábios finos e dentes encavalitados. Até ao filme Marie Antoinette, tinha um ódio de estimação pela fulana, talvez o mesmo ódio que tenho por mim mesma. Neste filme, maravilhoso diga-se, há tanta comida e apresentada de forma tão requintada. Há um grande amor, representao de forma tão sedutora. E a mestrina de tudo isto é  Sofia Coppola, a realizadora claro, mas a sua batuta só possui poderes mágicos porque a orquestra ganha corpo na personagem de Miss Dunst, de sorriso sincero e olhar transparente. 

Poison d'Amour, uma casa de chá belíssima no Príncipe Real, chá e bolos de arregalar os olhos, um ambiente palaciano tal e qual o de Marie Antoinette. E porque os tenpos são outros, no fim das contas, degolada, só mesmo a carteira, mas um dia não são dias...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cada um acredita no que quer....

Há com cada merda que me acontece e eu digo em tom de brincadeira, isto só pode ser bruxedo. A minha mãe assimilou a frase, de tal forma, e foi mesmo à bruxa. Bem sabe que não acredito nem em deus, nem no diabo e a única paranormalidade que creio são as aberrações com quem trabalho...essas sim, verdadeiras criaturas do demo. Pois bem, ela acha que ando toda enguiçada. E a senhora que lhe levou, o couro e o cabelo, confirmou. Para a coisa correr melhor, só tenho de tomar banho com determinado gel e usar um óleo hidratante. Calha mesmo bem, porque a minha depressão está a tomar proporções tais, que banho é a última coisa que me apetece tomar. Sinto-me melhor, é claro, porque um banho faz sempre bem à alma, lava tudo e ainda fico a cheirar a rabinho de bebé com o raio do óleo hidratante.O importante em todo este processo é a responsabilidade que me é imputada. Para justificar o que a minha mãe gastou numa charlatona, sinto-me parte da charada, dizendo-lhe estar já "desenguiçada". Só quero tranquilizar aquela pobre alma que tende a pagar para ouvir exactamente o que lhe convém. E eu que não tenho onde cair morta, ainda quero que me deixe uma simpática herança, e não gaste tudo em macumbas, charutadas e galinhas pretas.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Cátia

Não sigo "A Casa dos Segredos" mas desde que conheci uma rapariga que trabalha na produção, despertou a curiosidade nas personagens. Eu gosto de gente parva e criei empatia pela Cátia, mas não pelo mesmo motivos que a maior parte dos portugueses, que reprimem a sua própria estupidez realçando as falhas dos outros. Eu gosto da Cátia porque é feliz assim, como é. Já dizia o Gil Vicente, ao criar o personagem "parvo", ( terá sido "No alto da Barca do Inferno"?), felizes dos parvos. E eu acrescento, palermas todos quantos se levam muito a sério

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Meter água...

 Não faço questão de conhecer os vizinhos, também não quero que me sigam o rasto mas a minha vida anda tão cheia de azares que no outro dia tive de socializar, ora piso acima, ora piso abaixo. Há um ano a viver aqui, pela primeira vez, toquei às campainhas perguntando pelo misterioso barulho que ressoava pelas paredes. Logo numa primeira abordagem fiquei bem vista claro está, a doida que escuta coisas estranhas, afinal toda a gente se mobilizou, uns em cuecas, outros em chinelos e ninguém ouvia coisa alguma. Comecei a duvidar da minha própria sanidade mental, o gato não podia falar e a minha palavra não valia coisa alguma, portanto, prédio acima prédio abaixo e a maluca não descobria a origem do "bruahhhh". Até que um vizinho se lembra do motor do seu aquário que, eventualmente poderia fazer ressonância. Bastou um toque e ahhhhhh...o barulho desapareceu. Eu bem sabia que não tinha metido água mas não foi surpresa que as paredes por aqui são finas como papel...ainda bem que a casa é alugada!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Eu sou uma ressabiada...

 Não se riam, quer dizer, riam-se a bandeiras despregadas, porque esta confissão é tão patética que merece uma gargalhada...daquelas! Ora aqui vai, quando criei este blog, foi com o objectivo de encontrar a minha alma gemea. Sim, sim, eu sei, escusam de dar moral, porque não sabem da missa a metade portanto, este foi mesmo o último e mais patético recurso. Percebi tão rapidamente que o caminho não seria por ai, e de posts romantizados e sonhadores de uma gata mimosa, tipo persa, lê-se agora, a faceta assanhada de uma borralheira revoltada, que há muito foi posta à beira do prato e a quem ninguém pega. Há que assumir com frontalidade, este deverá ser o blog mais ressabiado de toda a blogosfera e serve unicamente para atirar uns quantos petardos. Porque se a gata persa adora odiar, a miuda que vos escreve estas linhas, continua a amar, amar. 

Do chão não passaria...


Um carro cheio de homens, elá....
Caminhava com os meus sapatinhos vintage, armei-me ao pingarelho, mesmo sabendo que não podia ir longe com um salto daqueles, alonguei o passo. Senti as suas cabeças virar-se, o sinal não abria, e eu continuava na passadeira, a minha passerelle improvisada. Qual Carrie BradShaw de "Sexo e a Cidade", versão mal esgalhada algures no meio do subúrbio, tropeço não sei em quê e quase me estatelo no chão.

O mesmo carro cheio de homens, cabrões...
Lá me recompus, passo atabalhoado, tentei alguma dignidade na pose altiva que um sapatinho daquela qualidade merece. Na minha ingenuidade pensei que os senhores estivessem a galantear a jeitosa, pelos vistos apostariam entre eles e antes que o sinal ficasse verde "cai ou não cai". Porque sou das que gosta de tropeçar mais que uma vez no mesmo erro, haja forças para erguer-me e seguir em frente, não me venceriam pela queda, mas que moeu o ego...ai isso moeu...

sábado, 3 de dezembro de 2011

Descartar-me...

Não se compreende a sina de uma mulher que odeia passar tempo na cozinha. Havia loiça de uma semana para lavar. Já não sobravam pratos, copos ou talheres limpos, nada. Molhar as mãos para lavar um prato e comer uma refeição? Nah! Prefiro qualquer coisa lá fora, ou ficar-me com uma maçã, está feito. Hoje, determinada, arregacei as mangas, literalmente, e toca a lavar aqueles pratos bedunçosos e o azar acontece, o lava loiça entope. Uma pessoa até tem boa vontade mas retirar a água porca com uma panela directamente para a sanita, para além de não ser a solução mais airosa, leva-me à certeza que há muito tinha. Não fui talhada para estas questões de cariz feminino, portanto, não devemos ir contra a natureza...que tal usar pratos e talheres descartáveis?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Beca, ábrólhos...

A Beca é uma mulher caprichosa. Aliás tem nome disso, mas não deixa de ser uma criatura interessante de ver passar pela nossa vida. Sim, leram bem, passar...ficar, nunca. Uma Reeeeebeecccaaaa na vida de alguém é de levar a uma crise de nervos tal a inflexibilidade. De carácter quase tão retorcido como o seu próprio nome, Rebeca, a ficar na nossa vida, passaria de melhor amiga à pior inimiga. Senhora com mais de 60 anos, tez ruiva, penteado excentrico, olha-nos directo na alma e mesmo que queiramos escapar, é inglório. A Beca, sem pedir autorização, predipôs-se a fazer-me o mapa astral. Diz que pareço uma bonequinha e não há motivos para andar de cabeça em baixo e encarar os desafios quotidianos com a catrefada de medos do costume. Encolhendo os ombros, em tom de inevitabilidade, explico-lhe os meus porquês, aponta para os papeis que eu tenho três triangulos não sei onde, o melhor que se pode desejar. Eu sou o máximo, em alguma coisa, até corei com a pequena vitória. Infelizmente não entendo o que diz, fala de astros, mas termina tão categórica e terranamente que até uma mula compreenderia. Se continua com esse espírito, aos 40 anos está com um depressão, desempregada e a viver com os seus pais.

A isto se chama um "ábrólhos", Beca, a própria...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Essas badalhocas...

que adoram, com 11 graus centigrados, mostrar a tranca em toda a cidade. Lá andam com o tacão alto ou a botifarra à "Maria Zuleica". À sua passagem, incrédulos, todos os olhos se dirigem para elas e um só comentário surge "olha lá, aquilo não é uma saia, é um cinto largo". Pois bem, hoje, eu sou uma dessas senhoras, se levanto os braços fico com a "ritinha" à mostra, se me baixo abre-se-me o pacote.  

Vai uma chávena de chá?

Há palhaçada que não me envolvo, as greves. Odeio-as, mesmo. O que constato nessa patetice?  Serve exclusivamente para empanturrar o trânsito, porque a maior parte das vezes quem vai para a rua acenar bandeirolas e erguer o punho, fá-lo para conviver e nem sequer tem dos argumentos mais válidos para paralisar o que quer que seja. Vejamos os tipos do Metro, lembro desde sempre as suas reinvindicações, e todos sabemos que ganham bem. O pessoal da minha classe profissional raras vezes se queixa, trabalhamos que nem uns coirões velhos, ganhamos mal, levamos porrada e ainda por cima gostamos. Está bem, nem todos podem ter o mesmo espírito de sacrificio nos seus ofícios, porque nem todos amam como eu o que fazem, mas se é para confraternizar, prefiro uma chávena de chá na mão e uma conversa fluída e apaziguadora, do que o azedume dos grevistas e o raio da vareta na não com uma bandeirola dançante.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O riso que me dá cabo da mona...

Mulher sóbria, discreta, voz sensual e que odeia a vulgaridade. Não deixa por isso, de ter uma marotice, que lhe confere singularidade. Às vezes quando menos esperamos, resvala para o mau gosto, mas como raras vezes o faz, é maravilhoso ouvi-la ser bardajona, usar do calão, sem que isso lhe retire um pingo de feminilidade. Há no entanto uma caracteristica que me leva à loucura desde o dia que a conheci no Piaget de Almada. Estavamos viradas para uma parede, quase de castigo, só nos faltava as orelhas de burro, e ela com aquele riso que me tirava do sério. Tornou-se minha grande amiga, amo-a sim, muito até, no pacote  inclui naturalmente a porra da gargalhada que me envergonha em qualquer lado onde estejamos. Entre o histérico e o desvairado, dá a sensação de tratar-se de uma ninfomaníaca, e se juntarmos como banda sonora o Hit de início dos anos 90 "I've Got The Power" dos SNAP então a Manuela entra em estado de possessão e o melhor é erguer as mãos aos ceus e pedir a Deus que devolva a minha boa amiga.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ó caramelo...

I Want Candy, diziam os Bowowow, naquele hit dos 80s. Fosse apenas uma canção e não haveria motivo para preocupações. De há uns meses a esta parte, devoro tudo o que são doces, desde o mais requintado "petit gateau" até ao simplório salame, marcha tudo, numa voracidade vergonhosa.  Se bebo um café numa pastelaria típica lisboeta, arruinada, quando dou por mim, levo uma caixinha de miniaturas que irei desfazer num ápice. O que terá desencadeado a minha recente obsessão por tudo o que é doce, afinal de contas diz o povo,  o que é doce nunca amargou?! Há uma pessoa que se refere a toda a gente como "aquele/a caramelo/a", para uma compulsiva alimentar, qualquer pormenor é potenciador e poderá acordar o animal adormecido nesta carcaça frágil e vulnerável, com um espírito ainda mais pobre, como é o caso. Talvez sugira à jovem  tratar as pessoinhas por "ó camelo", com sorte deixarei os doces. Se ganhar duas bossas e muito pelo, ao menos à minha passagem, quem sabe alguém se lembre de cantar "o areias é um camelo" e ficarei  embevecida, relembrando uma infância abundante em caramelos e um metabolismo invejável.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Charutadas biblicas...

Passo o dia a ouvir música, são ossos do ofícios. Chego a casa, apetece-me ouvir o som que curto, o silêncio ou o "ron ron" do bichano. Porque trago sempre trabalho para casa, o gato cobra-me atenção, aborrece-se comigo porque não posso ser sua em exclusivo. Na mais pura alienação que vai na minha própria cabeça, animal, nem imaginas como preferia estar debaixo das mantas contigo, digo-lhe, enquanto ele se vai auto brochando. Porém, passo horas no PC, a pôr a escrita em dia, depois de um longo e fúnebre silêncio escolho Goldfrapp, o último que a crítica arrasou, ainda bem...é motivo para eu gostar mais. E gosto, lembra-me as boazonas nos idos 70's no ginásio de "maiô" a fazer aeróbica, os cabelos oxigenados, ripados e a ouvir disco sound. Diverte-me, e desconcentra-me um bocado, mas vale a pena. Recordo o João, ouvi "Head First" na casa dele, fumava o seu charro, fugia dos fantasmas que o atormentavam, ficava astral. Até o cheiro me pode desencadear um ataque de pânico, por isso refugiava-me na varanda a ler a minha bíblia, a Blitz.

O bater do coração

Há muito que não fazia uma limpeza geral. Do género, deitar fora tudo o que não interessa, guardar apenas o que me faz bem. Ontem não resisti e fi-lo no campo das emoções. Aliás, nessa área sou especialista, despacho pessoas, como quem come tremoços. Assim foi com o Pedro, após uma relação falhada, há a amizade como ressalva. Mas quando falta o bater de um coração o que pode restar entre duas pessoas? De um lado, há uma criatura que não vive....rasteja. O sangue não lhe corre nas veias, antes, gelo. Do outro lado, há outra quem anseia pelo calor de uma simples palavra ou a força de uns braços ardentes. Porque sem os afectos nada disto faz sentido e quando  for para debaixo da terra, o meu coração já não irá bater, mas terá tatuadas todas as emoções que em vida senti na pele.

domingo, 27 de novembro de 2011

Hun, Crise...está bem...

Dizem que tenho pinta de esquerda, mas sou apolítica. Há quem atire para o ar que sou fufa, mas experimentem pôr os vossos maridos à minha frente, com a fomeca que ando até os ossos lhes lambo. Sim há crise, de homens, e se fizesse uma greve, talvez fosse para a rua com um cartaz "façam-se homens como antigamente".

sábado, 26 de novembro de 2011

Medidas extremas...

Pela primeira vez, estavam três mulheres sentadas à mesa da minha sala. Eu, Manuela e Ana. Quase não falei, tinha a boca cheia de bombons de figo e o prazer da gula supera tudo o resto. Mas não pude deixar de me deleitar com aquele momento, senti-me mediadora, entre a Ana e a Manuela num entendimento muito curioso. Eu com os dentes cheios de grainha de figos, e elas com tantas histórias a partilhar ali mesmo na ponta da língua. A início falavam por meias palavras, no fim já em trio, a conclusão foi unanime...arranjemos um amante para calar relações há muito falhadas no lar. Por solidariedade feminina aplaudi, mas olhei para o gato, o meu único parceiro há tanto tempo vivemos esta estúpida relação de harmonia. Se assim é, porque raio meter mais felinos ao barulho? Até porque os bigodes fazem-me cócegas...

A minha purpurina, por favor...

Uma mulher faz o buço, dá um jeitinho nas sobrancelhas, põe aquele creme de rosto milagroso e sai de casa resplandecente. Eu sei que estou gira, umas jeans justinhas, uns ténis dourados que ela me ofereceu, uma camisola muito vintage com aplicações, também em dourado, e o perfume que me distingue à distança, sem enjoar. Não sou Inês pela verdura, mas estou segura, sim estou. Sorrio para mim, sorrio para quem passa,  sorrir faz bem à figadeira, e chego ao trabalho, perguntam-me se sou doida a rir sozinha. A resposta, simples, porque não?! Ninguém estragará o meu dia, penso, dispo o casaco e continuo a brilhar e o Guilherme entra no meu estúdio, viro-me para ele esperando um elogio rasgado. Com um paneleiro de merda, o momento nunca é realmente nosso, sim sim sim....elogia num par de palavras a minha indumentária, mas em poucos segundos arranja maneira de virar todas as atenções para si. São os sapatos, o cabelo, a camisola e o diabo a sete. 

Meninaaaaaa, assim não dá, estou cansada....

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Quando for grande...eu quero um "frigobar"

Cozinhar, talvez dos actos mais desnecessários do mundo. Entendo que me queiram mostrar o amor através do poder da mesa, a gata preferia uma bela martelada em cima das tabuinhas, nessa impossibilidade, aceita de bom grado que cozinhem para ela. Caros, não esperem que ela faça o mesmo. Ela, eu, a gata persa, cujo maior prazer é comer, mas nunca cozinhar. Aliás, para quê perder tempo num sitio que odeio, a cozinha. Um ovo, uma mão de tomates cherry, uma fatia de pão e está feita uma refeição. Infelizmente o meu metabolismo não foi generoso, e por isso,  conto calorias como o arrumador de carros conta trocos no fim do dia. Mas se eu pudesse, ai se eu pudesse, viveria única e exclusivamente para comer. Faria como as gordalhufas norte-americanas, deitadas a ver a Oprah com um "Frigobar" à beira da cama, seria feliz com 200 quilos e um rancho de filhos a lavar-me as partes com panos humedecidos em "dystron".

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Vai uma "Avé Maria"?

Uma vez embeicei-me por um preto. Delicado, inteligente, espirituoso e teso que nem um carapau. Como qualquer artista português não tinha onde cair morto mas eu não me importava nada de lhe servir de guarida durante uns tempos. Para conquistar o seu amor, era a "jarbas" de serviço, chegava-me à frente nos cafés e restaurantes, para no fim nem um agradecimento receber. Nunca me senti melindrada por isso. No meu âmago sabia não ser correspondida, a ilusão, a vontade de querer amar de novo, levava-me a um limite de burrice incalculável. Um dia encontrei a mãe dele, uma jóia de senhora, viu-me no carro a largar o bandalho do filho e meteu a cabeça dentro da janela e disse, "lá na minha Igreja, eu sou da IURD, vou rezar por ti". Mais não precisou dizer. Sacana do preto nunca mais entrou no meu carro, bebeu ou comeu à minha conta. Mesmo assim recebo uns quantos "likes" da sua parte, de quanto em vez no facebook. Será um agradecimento, já meio tardio?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

E a fufaria continua...

Há uma mística qualquer nas Dr. Martens. Talvez a minha tendência em gostar de botifarras feias, estenda-se também às malas que têm de ser "granjolas", assim como os relógios. Confesso-me uma Maria rapaz e acho até que uma miúda gira, fica com mais pinta, quando usa um acessório claramente masculino e dá-lhe aquele traço "girlie", um toque de delicadeza. A melhor forma de expor a ideia, talvez seja lembrar uma mulher de gravata, altamente sensual...especialmente se a maquilhagem estiver no sítio certo e o penteado impecável. No meu trabalho há paneleiros e fufas que é um disparate e eu como boa gente, dou-me com as pessoas desde que não haja indelicadeza. O bicha, abeira-se de mim e elogia o roxo das botas "girissimassssssss", diz com todo o seu "salero". A fufa, armada em matolona, duvidando da autenticidade do meu calçado, ainda termina em beleza "olha lá, têm biqueira de aço?".

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Roxo

Sento-me num cinema apinhado de gente. Faltam alguns minutos para o filme arrancar e nada para me distrair. Adoro ir sozinha, mas até começar e se não levar telemóvel, é capaz de ser constrangedor. Pensei comprar pipocas e assim roía qualquer coisa e distraía o espírito. Fitei os olhos por mim abaixo numa análise muito criteriosa, e vejo que estou vestida de roxo da cabeça aos pés. Na mala, agenda roxa, pen roxa e quando olho para as horas a tentar perceber se faltava muito para o arranque do filme, relógio roxo. Nunca tinha perdido tempo nesta questão, o roxo é capaz de ser mesmo a minha cor favorita.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Eu sou um câncaro

 
Portanto, eu sou ligeiramente hipocondríaco. É uma coisa tão ténue que mal se nota, dependendo dos dias, por exemplo hoje, já fui ao google pesquisar doenças cujos sintomas são náusea. Houve uma médica que me tirava as bulas da mão e rasgava-as, dizia que sugestionavam os pacientes, depois de as lerem começavam a delirar com todas as crises possíveis e imaginárias. Na internet há uma bula gigantesca, concluo que neste momento possa ter uma doença altamente mortal e o melhor é começar a escrever cartas a despedir-me dos meus amados. Ou tão simplesmente, ando agoniada porque a figadeira está cansada de ser mal tratada e o organismo às vezes gosta de nos avisar. Quem sabe se estou indisposta, porque sim. Nem tudo se explica. No maior dos dramas, entre os lençois, o gato a roncar que nem um porco, liguei à minha mãe lastimando-me da minha náusea, terminei, secalhar tenho um "câncaro". Porque a estupidez é hereditária, a mãe responde "todos temos câncaros em nosso redor, já a tua avó dizia. Olha eu por exemplo, tenho dois "câncaros". Tu e o teu pai".

Retrato mental

Não nego a importância do João na minha vida. Irei amá-lo para toda a vida de maneiras diferentes, hoje, e amanhã...e sempre. Detesta fotografias porque lembra-o quem é...e a cores. Resta-me um retrato mental ou vê-lo aqui e ali, desconhecidos que se assemelham. Há um actor que me lembra o João. A início pensei que fosse delírio meu, vislumbrando-o noutras pessoas, mas já me confirmaram que são realmente parecidos. Olho-o fascinada, desde o primeiro dia e lembro o meu João, que de muitos defeitos e fraquezas que tenha, nunca me enganou sobre quem era. E se tantas vezes o João sente-se morto, quando o coração bate, ainda bate por mim.

domingo, 20 de novembro de 2011

Maldita fufaria...

O facto de adorar uma boa "bichinha", não quer dizer que goste de fufas. Não gosto nem só um bocadinho. Não que me sinta ameaçada, bem pelo contrário estou bem certa das minhas preferências pois o meu radar não dá margem para dúvidas. Acho-as, modo geral, rudes. Se um larilas dá alegria por onde passa, espalha como se tratassem de confetis, expressões de lhes tirar a peruca. As lésbicas, andam de mal com o mundo, usam de uma carapaça foleira de "machas", que inclui um terrível gosto não só no vestir, mas no comportamento social. Caminham de pernas abertas, talvez o desejo de uma pendureza qualquer, vá-se lá saber?! Todas as fufas tivessem a elegância da Ana Zanatti, vergava-me perante elas num respeito sem fim. Ser mulher é das coisas mais fantásticas do mundo, por algum motivo optaram por gostar delas também. Se assim é, porque têm de comportar-se como camionistas?

sábado, 19 de novembro de 2011

Popota

Não nego preferir a beleza esquelética da Kate Moss, talvez pela minha própria impossibilidade de ser assim...pelo menos sem estar medicada até à ponta dos cabelos. Quando vejo uma gordinha assumida no seu esplendor, ainda mais cheia de estilo e cheirosa, sorriu. Há quem me entenda mal, lá porque estou magra, agora divirto-me a apontar o dedo a quem não segue um regime alimentar tão criterioso. Nada disso, sorrio de orgulho, vê-las tão mulheres, assumindo quem são, cheias de personalidade e não deixam de usar roupa justa, só porque as lojas teimam na ditadora dos números para magras. Chamo-lhes as "popotas", lá andam de cabelos compridos, unhas de gel, calças de ganga justas, pernas tronchudas e botas de cano alto. Lindas as popotas que passeiam pela nossa cidade, sem complexos. Quase tão sexy's como, a própria, que se bamboleia na TV ao som de hits estridentes e a que dá mesmo vontade de bater o pé.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Gata vira lata?

Sou uma espécie de velha recolectora. Antes fosse de botões, quinquilharias, tecidos, farrapos, qualquer coisa é mais glamorosa do que sacos de plástico. Não sei como aconteceu. Há mais de um ano a viver sozinha, decidi que não teria caixote do lixo, usaria sacos. Poderia comprá-los, mas como o dinheiro agora sai directamente do meu bolso, a predisposição para gastar em superficialidades não é a mesma. Com medo que o lixo ganhasse volume e não tivesse onde o colocar, tenho vindo a recolher sacos em todo o lado e a toda a gente. Em posts anteriores referi ser contra qualquer tipo de gamanço, vejamos, não roubo sacos, apenas lhes dou uma utilidade quando me parecem confinados a um "muquefo" cheio de sarro. A juntar aos sacos, tenho uma nova jóia da coroa, caixas. Sou recolectora de caixas de cartão e ando sempre com o nariz enfileirado nos contentores. É ver-me qual gata chique, como uma persa e o seu pêlo brioso, a dar cana pelas lixeiras...diz-se que o cão é vira lata, neste caso a gata anda aos caixotes...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Entidades à parte...

E aquelas mulheres que passam horas a tratar do cabelo? Vivem para o cabelo? Mais, o cabelo é uma entidade à parte. O meu sentido prático era tal que durante anos não me penteava, recusava ter escova, usar amaçeador ou secador. Tudo ao natural e mesmo assim fazia alto vistão. Bastava-me um bom corte e o resto deixava ao cuidado da natureza. A maldita idade, para além de uma catrefada de doenças e arrelias, nem o cabelo deixou imune a esta condições de mulher de trinta e tal. Está bem, diz que é tempo da queda do cabelo, mas se antes não precisava tratá-lo com preceito, agora, vivo para ele. No banho perco mais tempo a tratar só do cabelo do que do corpo inteiro, é triste que este preceito seja tão superficial. Cá dentro, a minha própria cabeça, também precisava de ser tratada como uma entidade à parte...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Porcos...

Conheci há muitos anos uma espanhola muito engraçada. Tal como ela também tinha aquela mania dos homens machões, a tresandar a testosterona. Sei que hoje namora com um peruano, mas na altura da nossa relação nenhum homem parecia servir-lhe. Eram todos uns maricas, fracos e sem "pegada". Uma das saídas mais brilhantes da espanholita, resignada ao facto de não encontrar macho suficiente para ela, "para ter chouriço tenho de levar com o porco inteiro". Ri-me muito, hoje é uma realidade na minha vida, acho que prefiro dormir com o meu gato a qualquer homem. Perdi o sentido romântico das relações, porque não há quem honre o que representa a partilha da intimidade, portanto, usa-se e deita-se fora. Muito bem caro amigo, vamos ao que interesse, e toca a andar que quero dormir é com o meu gato, para ti...a porta da rua é serventia da casa. Custa-me realmente ter um porco a dormir a meu lado na cama e o meu gato fora do quarto, privado do seu verdadeiro leito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Insatisfação

Ninguém disse que seria fácil. Em criança queria ser escritora. Horas intermináveis, primeiro a escrever à mão, depois recebi uma máquina de escrever, mais tarde o computador. E sempre o mesmo ritual, horas perdidas ou ganhas. Muitas palavras, escritas e apagadas, no fim sempre o mesmo destino, lixo. Não guardo nada, porque é reles o que escrevo. Não sei pontuar, dou erros, tenho um léxico limitado e envergonho-me das minhas próprias tentativas. Há sempre uns parolos que lançam livros, escrevem muito pior que eu, vendem. Nessa altura capacito-me, eu sou criativa e as ideias essas ninguém me pode tirar, o mérito de ser idiota é meu, apenas meu. Logo esmoreço quando me apercebo de todas as limitações na minha escrita, então sei de mais uma catrefada de autores, lançaram livros sobre coisas tão pouco interessantes, e vendem. Eu tenho uma história para contar, sei que é boa, é minha, vivida na pele. Tal e qual uma estrada cheia de sinais e que baliza a condução, ao que parece, a pontuação neste caso é um entrava, um bloqueio quase emocional  e impede-me de sair deste ponto morto e meter finalmente uma primeira. Talvez um dia me capacite, na prateleira dos autores medíocres, ainda há espaço para mais um.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nunca me enganou

Desde que estreitamos laços, trata-me como uma fraca, uma emocional da treta. Digo-lhe que tenho orgulho na minha dor, no meu sofrimento, porque enquanto assim é quer dizer que sinto as coisas à flor da pele. Porque aceito cada vez mais o prato que me querem dar a comer, tenho alinhado em todas as sopas que insistem em servir-me, chego a casa empanturro-me de comida de plástico e continuo a pensar por mim mesma. Com a moral dela posso eu bem. Esquece-se que a primeira vez que a vi, estava perdidamente apaixonada, e esse brilho que uma mulher tem nos olhos ninguém pode negar. Digo dela nessa altura uma mulher fraca? Não, parece que usava apenas uns ridículos óculos de filtro cor de rosa, ou quem sabe caminhava sob nenúfares. Depois de eu própria ter levado no totiço por "entrar e sair" de várias paixonetas, sinto-a, instável, as borboletas no estômago, uma inconstância, uma vontade de voar...ela gosta de grandes histórias de amor, mas quem é que quer enganar??

Um cantinho nos infernos...

Fala-me de machos valentes e de rédea curta. Lembra-me os heróis dos filmes que via com o meu pai. Morria de amores pelo Rock Hudson, à altura o exemplo máximo de homem com H grande. Hoje todos sabemos que o Rock não passava de uma paneleira safada, a par de tantas outras, camuflando a sua condição com papeis no grande ecran, absolutamente arrebatadores. Curiosamente o senhor Hudson não se dava com o James Dean, num estilo afectado e frágil, a verdade é que jogavam ambos na mesma equipa. A grande diferença é que um aviava biscoito a torto e a direito e o outro não tinha problema em expor as suas emoções e se preciso fosse, até chorar, mas chorar visceralmente como um bebé. A minha mãe ensinou-me a gostar de homens feios e a cheirar a cavalo, ao que parece algures pelo meio deste percurso, perdi-me qual ovelha tresmalhada. A mãe termina a sua linha de pensamento "homem que chora, diabo o pariu". Eu sempre disse que haveria de ir para o inferno, mãe.

domingo, 13 de novembro de 2011

Coisas ruins...

Sou um calhau com olhos e digo assim à boca cheia, não curto criancinhas nem velhinhos. São fases de pura estupidez, julgamos ser donos do mundo e à nossa volta temos os vassalos que existem apenas para nos fazerem todas as vontades. Somos tomados por desvarios, manias, teimosias, palermices levadas da breca. E nessa altura, criança ou velho, faz birra, levanta a voz, honrando a sua condição. Não podíamos ser mais iguais, vejam lá, até ficamos carecas e usamos fraldas e tudo...

sábado, 12 de novembro de 2011

Depressiva, Eu? Não!

Cai mal dizer que tem ou teve uma depressão. A Laura contava-me, nas entrevista de emprego para justificar um longo período inactiva, optava pela verdade, uma severa depressão. Depressão? Muitos pontos de interrogação na cabeça do entrevistador, provavelmente uma nota negativa na ficha de inscrição da candidata e a impossibilidade de ser chamada para a função. Argumentam não querer contratar pessoas psicologicamente instáveis, mas que raio, porque não dar hipótese às que já se trataram? É que já estou farta das loucas que andam por ai, armadas em ajuizadas, e que recusam qualquer tratamento para mal dos pecados de todos quantos as rodeiam.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Gamanço

Não consigo gamar nem um palito. A única vez que roubei na vida, uma revista "Popcorn" com uma catrefada de posters dos meus ídolos, tinha 14 anos. Nos dias seguintes, sonhos violentíssimos, jurei nunca mais. E por mais tolerante que esta gata hoje seja, há algo que não consegue aceitar, gamanço. Seja ele de que espécie for. Entre o pintarolas que surripia o copo no restaurante para a colecção lá de casa e o gatuno que adopta o estilo "por esticão", não há para mim grande diferença. É um fervor que me sobe pelo estômago e apetece-me simplesmente trucidar o indivíduo. Azar o meu, há dias a fazer compras numa loja de roupa que dizia "tudo a 2 euros", entram 3 drogaditos e desatam a gamar desalmadamente e eu a assistir de camarote. Fervor no buço, olhar gélido, nada podia dizer ou fazer, a não ser sair o quanto antes para desanuviar as ideias, ou não se lembrassem eles de pedir-me a mala....

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O elixir da eterna juventude

90 anos, disse-me. Já tenho resposta pronta na ponta da língua "ah não parece nada!", mesmo que a pessoa esteja em estado de putrefacção. Não era o caso. Invejáveis 90 anos com uma clareza no pensar e falar, um saber estar, uma forma de vestir impecável, uma pele maravilhosa e uma descrição que me maravilhou. Deixou saber que era solteiro, eu que também tenho como principio de vida manter-me solteira, e que raras vezes me atribuem a real idade, não pude deixar de concluir, o verdadeiro elixir da juventude. É como se as relações em demasia corroem-se as pessoas, as tornassem amargas e lhes sugasse o brilho da pele, o rubor das faces e o sorriso no olhar. Longe de mim aplaudir a solidão, se bem que sou a sua maior fã, mas se não conseguimos uma relação saudável, então mais vale continuar o percurso com a mochila às costas e no mais profundo dos desertos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Se não os vences...

Com a idade vem o conformismo. O mesmo é dizer, calçar as pantufas, tudo bem. Mas perceber que não vamos mudar o mundo, é chegar a um ponto de maturidade. E deixar o destino tomar o seu curso natural, eu chamo-lhe ser inteligente, há quem lhe atribua um certo comodismo. Queres discutir este ponto de vista? Eu não. Mas faz o seguinte exercício, conta os teus cabelos brancos e depois os meus, boa?

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Cabra Carente

Ontem um amigo dizia para o outro em tom de condenação, tu só gostas dessas cabras carentes. Senti uma alfinetada. Mal sabiam que escutava, mas analisando o meu percurso, em traços gerais, não passo de uma tipa em busca do amor dos outros, visto o défice do mais importante, o amor próprio. Prova-se com o dia de hoje. Vejo-o vir direito a mim, ar desgrenhado, olhar de mel, inevitavelmente lembrou-me dois homens que passaram pela minha vida. A doçura de um, a malandragem de outro e ali fiquei, certamente com um fio de baba invisível a escorrer-me pelo beiço. Ele seguiu caminho, nem olhou duas vezes, e as palavras daqueles dois amigos não me saiam da cabeça. Já não há mesmo paciência para cabras carentes...

Cafezadas

Resisti ao ritual do "cafezinho" até praticamente chegar à casa dos 30. Ainda hoje me irrita um pouco esse fenómeno social, mesmo que beba café prefiro dizer que vou ao "chá", só porque tenho a mania que sou diferente. Mas não pensem que bebo café porque acho o sabor uma maravilha, nada disso. Sabe-me tão mal, como a primeira vez que experimentei. Amarga-me tanto, ainda mais opto por não pôr açúcar que é para as tosses. É a minha dose de remédio, duas a três vezes ao dia. Facto é que o café que vulgarizamos como a simples Bica, desperta-me os sentidos, literalmente, destrava-me bastante, o que é fantástico para alguém que está sempre a pôr o travão a fundo na própria vida com medo de avançar.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Gato, Gato Meu...

A Gata, adora gatos, muitos...todos. Tarde comecei por adoptar um rafeiro e como um vício não consegui parar por ali. Porque os animais tornam-nos melhores pessoas, arrancam o que de melhor há em nós, e  eu queria mesmo ser boa pessoa, tinha três maravilhosos felinos em casa. Havia dias, há janelas, mais parecia um desfile. Ora um se pavoneava ao sol, para logo aparecer o outro, enquanto os olhos dos transeuntes se fixavam fascinados. Mas alimentam-nos a quê? São lindos! - Ouvíamos do lado de dentro da janela e os bichanos continuavam de cauda arregalada, vaidosos até mais não. Hoje vivo sozinha, tenho apenas um gato, quando sempre quis ter um gatil inteiro, quero apenas um. E só me apercebi quando, desesperado um cibernauta me impingia uma gata abandonada, para servir de parceira do meu maravilhoso "gatídeo". Ciumenta disse, não, aqui a parceira sou eu, bolas! Vivemos quase maritalmente. Adoro ser o centro de todas as suas atenções, os nossos rituais, discussões e acima de tudo as nossa sonecas...

domingo, 6 de novembro de 2011

Gestão de complicada digestão

Não é um problema de hoje. Acentua-se a cada dia que passa e por isso assusta-me. Mal consigo lidar com o tempo entre mãos. Sinto-me prejudicada pelo facto de necessitar de sonos prolongados, em relação à maior parte das pessoas, são pelo menos 10 a 12 horas de um dia que vão para o galheiro, para quê? Para dormir, pois claro! Mas preciso. Facto é que há um privilégio inegável, declaro ao patrão apenas 3 horas diárias de trabalho, o que é isso comparando com os restantes assalariados? Uma vida maravilhosa cujo tempo deveria esticar. Mentira. Os que têm famílias de perder de vista, contas a fazer à vida, comida para pôr no prato e o sono dos justos a dormir, a esses o tempo dá-lhes quase para tudo. Eu, a desocupada, a tal que só finge que dá ao coirão três horas por dia, mal tempo tem para dar um jeitinho nas sobrancelhas, depilar as virilhas ou cortar as unhas dos pés.