Ontem um amigo dizia para o outro em tom de condenação, tu só gostas dessas cabras carentes. Senti uma alfinetada. Mal sabiam que escutava, mas analisando o meu percurso, em traços gerais, não passo de uma tipa em busca do amor dos outros, visto o défice do mais importante, o amor próprio. Prova-se com o dia de hoje. Vejo-o vir direito a mim, ar desgrenhado, olhar de mel, inevitavelmente lembrou-me dois homens que passaram pela minha vida. A doçura de um, a malandragem de outro e ali fiquei, certamente com um fio de baba invisível a escorrer-me pelo beiço. Ele seguiu caminho, nem olhou duas vezes, e as palavras daqueles dois amigos não me saiam da cabeça. Já não há mesmo paciência para cabras carentes...
