Mais do que uma história sem fim, é de terror. Sentada no comboio, levo comigo restos de constipação, halls para acalmar a tosse e faz-se silêncio. A situação parece controlada, até ingenuamente puxar o lenço e soltar a primeira sopradela. Visco, mais visco, faço uma paragem na respiração levanto os olhos tentando perceber o que se passa em redor. Mais uma sopradela, visco e mais visco, o comboio está compostinho, o vizinho já se começou a encolher e a senhora da frente levantou o sobrolho. Páro e recomeço com pequenas assopradelas e é pior a emenda que o soneto, faço-me soar tal e qual uma velha carripana com dificuldades no motor de arranque. Então com toda a energia, sopro, e muito visco, muito mesmo muito. De nariz colado ao lenço, olho uma vez mais, vejo a indignação de uma velhota de cabelo tufado, olha-me como se eu estivesse a dar à luz um Gramlin. Limpo o nariz, guardo o lenço ensopado, e vou o resto da viagem a fungar...porque há muito mais visco, tanto...
