Caminhávamos por Lisboa, a um passo tão lento, pura levitação. Podia ser a Lisboa Queiroseana, e eu, vestido de época, espartilho, um grande chapéu na mão a proteger-me da luz do sol. Ele faz-me sentir de outro tempo, diz que também não sou daqui, mas quando o oiço falar de amor, usando expressões como "carne da minha carne", pareço uma menina afrontada, que arfa à brisa do virar de cada página de um qualquer clássico de Shakespeare. Desta vez não é nos livros, nem na tela, ele está ali mesmo à minha frente e eu controlo a respiração. Não quero que me julge asmática.
