Ontem cruzei-me com o Jorge, o gajo que gosta de bodes fodilhões. Há anos que não via, uma das muitas pessoas que um dia descartei da minha vida, por achar simplesmente tratar-se de um caso perdido. O Jorge é um tipo afectado, que deveria ir para uma ilha deserta e mesmo assim desconfio, acharia que os coqueiros conspiravam contra si. Nunca fui pessoa de aceitar as diferenças dos outros, e para afectada estou cá eu, mas na altura armada em heroína meti na cabeça que iria ajudá-lo. Ouvia os seus disparates horas a fio, sem nunca julgar, inclusive a sua obsessão por pornografia. Não havia youtube nem a alternativa picante youporn, portanto ele gravava numa cassete de vídeo as cenas que mais gostava, incluindo a mítica passagem do bode a fornicar uma senhora....ou seria a senhora a fornicar o bode? Eu não critiquei, é uma preferência como qualquer outra, ficava até contente por ele partilhar comigo, a sua tara com pés, ou que chegou a vestir a bata da empregada da limpeza para fazer a sua própria limpeza....pessoal. Tudo certo, amigo Jorge, desabafa dizia eu, com paciência ilimitada. Todas as questões existenciais continuavam por resolver e num daqueles momentos em que o rapaz falava que se desunhava, e eu ouvia tentando encontrar um caminho para o ajudar, ele diz "sabes o que eu gosto realmente de fazer?". Aguardei com ânsia, talvez estivesse ali a resposta para todas as suas inquietações. "O que eu gosto realmente de fazer é de....pensarrrrrrrrrr". Eu dei de frosques, para pensar não precisava de mim, ah e para ver bodes fodilhões também não.
