sábado, 7 de janeiro de 2012

O meu amigo Silvestre


O Silvestre, já outras vezes falei dele, é talvez o homem mais encantador que conheço. Noites houve que partilhamos histórias escabrosas, enquanto bebericávamos o chá "noites tranquilas", da embalagem azul do Pingo Doce. Com o mesmo encanto que me descrevia o significado do amor e do silêncio, logo depois com igual charme dizia-me "foi ali ao WC masturbar-me, se não se importar".  No seu circulo de amigos, chamavam-lhe Richard Gere, e olhando bem a esta altura, acho que o Gere já lhe fica uns quantos furos abaixo. Homem que desfazia constantemente das suas capacidades e perguntava-me, assegurando-se que eu não me riria, "fiz 50 anos, acha que alguma mulher ainda se pode apaixonar por mim?". E eu quebrava a promessa e ria a bandeiras despregadas. De tudo o que havia entre nós, sempre com base no mútuo respeito, adorava o facto de não ter de lengendar-lhe o meu sentido de humor . Eu e o Silvestre, somos os primeiros a olhar para nós e a reconhecer as limitações, gracejamos com isso. O mundo pensa que nos inferiorizamos, descordamos, claro. Somos os primeiros a divertir-nos...