Antes de apanhar o comboio da ponte, o café, no mesmo ponto. A mulata de humor volátil conversa com um conhecido. Discutem alianças e os significados, cumprindo o protocolo das bodas de Prata e Ouro. Atiro para o ar, e que tal alianças para "estou livre e completamente disponível?". Observam o meu "look" boneca, é dia do estilo "princesa Leia" e poncho a fazer lembrar o Popas da Rua Sésamo. O homem, do alto do seu 1 metro e noventa não hesita, "mas está sozinha porque quer". E naquele momento, talvez pela primeira vez, senti-me tão Marilyn. A fragilidade e a insegurança da mulher que todos julgavam ter os homens a seus pés. Que pelo atrevimento e algum despudor, lhe atribuíam o título de leviana, quando no fundo era uma romântica, sempre em busca do amor e da aceitação dos outros. Não houve homem que conseguisse fixar na sua cama de imaculados lençóis de cetim brancos. Hoje a minha cama está coberta de polares cor pistacho, ao preço da uva mijona no Continente, e só o meu gato insiste em lá ficar. Sinto-me grata.
