Li, fonte segura, numa das Grandes Guerras houve um homem conhecido por ter comido "o seu próprio sapato de couro", tal era a fomeca. Lembro-me desta história macabra pela altura, fascinada, esventrei a vida de Alex Supertramp, o tipo que deixou a civilização, para se embrenhar pelo mato, em pleno Alasca. Iludido, cria, sozinha contra o mundo, estar a salvo, até dos desafios que a própria natureza lhe iria colocando diariamente. O livro é «Into The Wild», um dos meus favoritos, originou o filme de Sean Penn, que respeita na íntegra a vida de Alex, factualmente se chama Christopher, morto na completa solidão do Alasca. Hoje considerado, um herói ou um idiota, é difícil a indiferença ao tipo que no auge da revolta, queimou as últimas notas na sua posse, para se tornar ermita. Bom, Alex, Christopher, não foi o homem que comeu o seu sapato, mas no livro, contam-se vários episódios de pessoas que levam a sobrevivência até ao limite. Mas eu, fui, a mulher que comeu o sapato, e não há muito que pensar, de heroína nada tenho, sou portanto, a idiota. Comi um lindo sapato "vintage" da Hussel, enquanto via no youtube uma entrevista da Whitney Houston no Oprah Show. Não foi bonito, tão bela peça de arte, morrer de forma tão deprimente, algures numa cama com lençóis cheios de borboto, na boca de uma sujeita de pijama desparceirado e com um carrapito no cabelo.
