Não deve haver quem não goste do rapaz. Uma jóia da coroa. Sempre pronto a ajudar o próximo, de braços abertos para acolher quem lhe entra porta dentro, diz-se acima de qualquer coisa, leal. Quando o conheci, pensei, que sorte danada! Miúdo extraordinário que se estatela assim na minha vida, numa altura em que só vejo cães vadios com a mania que têm pedigree. Com a ligação noto-me mudar, nem sempre para melhor, esmoreço, deixo de acreditar nos meus sonhos de menina e moça e no meu olhar instala-se uma expressão de desalento. Há violência psicológica, muita, sem haver mas há. "Não podes ser assim", diz ele, cada vez que abro a boca para lhe falar do meu mundo cor de rosa. Sinto-me a definhar, porque já não sei quem sou. Quero matar o meu próprio coração para o agradar, mas não consigo e sofro por isso, frustrada. Acordo e este rapaz, bom moço a jóia da coroa, parece-me agora uma lesma insignificante que vai deslizando por ai sem causar grande impacto. Porque haveria de o fazer na minha vida?
