Mulher sóbria, discreta, voz sensual e que odeia a vulgaridade. Não deixa por isso, de ter uma marotice, que lhe confere singularidade. Às vezes quando menos esperamos, resvala para o mau gosto, mas como raras vezes o faz, é maravilhoso ouvi-la ser bardajona, usar do calão, sem que isso lhe retire um pingo de feminilidade. Há no entanto uma caracteristica que me leva à loucura desde o dia que a conheci no Piaget de Almada. Estavamos viradas para uma parede, quase de castigo, só nos faltava as orelhas de burro, e ela com aquele riso que me tirava do sério. Tornou-se minha grande amiga, amo-a sim, muito até, no pacote inclui naturalmente a porra da gargalhada que me envergonha em qualquer lado onde estejamos. Entre o histérico e o desvairado, dá a sensação de tratar-se de uma ninfomaníaca, e se juntarmos como banda sonora o Hit de início dos anos 90 "I've Got The Power" dos SNAP então a Manuela entra em estado de possessão e o melhor é erguer as mãos aos ceus e pedir a Deus que devolva a minha boa amiga.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Ó caramelo...
I Want Candy, diziam os Bowowow, naquele hit dos 80s. Fosse apenas uma canção e não haveria motivo para preocupações. De há uns meses a esta parte, devoro tudo o que são doces, desde o mais requintado "petit gateau" até ao simplório salame, marcha tudo, numa voracidade vergonhosa. Se bebo um café numa pastelaria típica lisboeta, arruinada, quando dou por mim, levo uma caixinha de miniaturas que irei desfazer num ápice. O que terá desencadeado a minha recente obsessão por tudo o que é doce, afinal de contas diz o povo, o que é doce nunca amargou?! Há uma pessoa que se refere a toda a gente como "aquele/a caramelo/a", para uma compulsiva alimentar, qualquer pormenor é potenciador e poderá acordar o animal adormecido nesta carcaça frágil e vulnerável, com um espírito ainda mais pobre, como é o caso. Talvez sugira à jovem tratar as pessoinhas por "ó camelo", com sorte deixarei os doces. Se ganhar duas bossas e muito pelo, ao menos à minha passagem, quem sabe alguém se lembre de cantar "o areias é um camelo" e ficarei embevecida, relembrando uma infância abundante em caramelos e um metabolismo invejável.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Charutadas biblicas...
Passo o dia a ouvir música, são ossos do ofícios. Chego a casa, apetece-me ouvir o som que curto, o silêncio ou o "ron ron" do bichano. Porque trago sempre trabalho para casa, o gato cobra-me atenção, aborrece-se comigo porque não posso ser sua em exclusivo. Na mais pura alienação que vai na minha própria cabeça, animal, nem imaginas como preferia estar debaixo das mantas contigo, digo-lhe, enquanto ele se vai auto brochando. Porém, passo horas no PC, a pôr a escrita em dia, depois de um longo e fúnebre silêncio escolho Goldfrapp, o último que a crítica arrasou, ainda bem...é motivo para eu gostar mais. E gosto, lembra-me as boazonas nos idos 70's no ginásio de "maiô" a fazer aeróbica, os cabelos oxigenados, ripados e a ouvir disco sound. Diverte-me, e desconcentra-me um bocado, mas vale a pena. Recordo o João, ouvi "Head First" na casa dele, fumava o seu charro, fugia dos fantasmas que o atormentavam, ficava astral. Até o cheiro me pode desencadear um ataque de pânico, por isso refugiava-me na varanda a ler a minha bíblia, a Blitz.
O bater do coração
Há muito que não fazia uma limpeza geral. Do género, deitar fora tudo o que não interessa, guardar apenas o que me faz bem. Ontem não resisti e fi-lo no campo das emoções. Aliás, nessa área sou especialista, despacho pessoas, como quem come tremoços. Assim foi com o Pedro, após uma relação falhada, há a amizade como ressalva. Mas quando falta o bater de um coração o que pode restar entre duas pessoas? De um lado, há uma criatura que não vive....rasteja. O sangue não lhe corre nas veias, antes, gelo. Do outro lado, há outra quem anseia pelo calor de uma simples palavra ou a força de uns braços ardentes. Porque sem os afectos nada disto faz sentido e quando for para debaixo da terra, o meu coração já não irá bater, mas terá tatuadas todas as emoções que em vida senti na pele.
domingo, 27 de novembro de 2011
Hun, Crise...está bem...
Dizem que tenho pinta de esquerda, mas sou apolítica. Há quem atire para o ar que sou fufa, mas experimentem pôr os vossos maridos à minha frente, com a fomeca que ando até os ossos lhes lambo. Sim há crise, de homens, e se fizesse uma greve, talvez fosse para a rua com um cartaz "façam-se homens como antigamente".
sábado, 26 de novembro de 2011
Medidas extremas...
Pela primeira vez, estavam três mulheres sentadas à mesa da minha sala. Eu, Manuela e Ana. Quase não falei, tinha a boca cheia de bombons de figo e o prazer da gula supera tudo o resto. Mas não pude deixar de me deleitar com aquele momento, senti-me mediadora, entre a Ana e a Manuela num entendimento muito curioso. Eu com os dentes cheios de grainha de figos, e elas com tantas histórias a partilhar ali mesmo na ponta da língua. A início falavam por meias palavras, no fim já em trio, a conclusão foi unanime...arranjemos um amante para calar relações há muito falhadas no lar. Por solidariedade feminina aplaudi, mas olhei para o gato, o meu único parceiro há tanto tempo vivemos esta estúpida relação de harmonia. Se assim é, porque raio meter mais felinos ao barulho? Até porque os bigodes fazem-me cócegas...
A minha purpurina, por favor...
Uma mulher faz o buço, dá um jeitinho nas sobrancelhas, põe aquele creme de rosto milagroso e sai de casa resplandecente. Eu sei que estou gira, umas jeans justinhas, uns ténis dourados que ela me ofereceu, uma camisola muito vintage com aplicações, também em dourado, e o perfume que me distingue à distança, sem enjoar. Não sou Inês pela verdura, mas estou segura, sim estou. Sorrio para mim, sorrio para quem passa, sorrir faz bem à figadeira, e chego ao trabalho, perguntam-me se sou doida a rir sozinha. A resposta, simples, porque não?! Ninguém estragará o meu dia, penso, dispo o casaco e continuo a brilhar e o Guilherme entra no meu estúdio, viro-me para ele esperando um elogio rasgado. Com um paneleiro de merda, o momento nunca é realmente nosso, sim sim sim....elogia num par de palavras a minha indumentária, mas em poucos segundos arranja maneira de virar todas as atenções para si. São os sapatos, o cabelo, a camisola e o diabo a sete.
Meninaaaaaa, assim não dá, estou cansada....
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Quando for grande...eu quero um "frigobar"
Cozinhar, talvez dos actos mais desnecessários do mundo. Entendo que me queiram mostrar o amor através do poder da mesa, a gata preferia uma bela martelada em cima das tabuinhas, nessa impossibilidade, aceita de bom grado que cozinhem para ela. Caros, não esperem que ela faça o mesmo. Ela, eu, a gata persa, cujo maior prazer é comer, mas nunca cozinhar. Aliás, para quê perder tempo num sitio que odeio, a cozinha. Um ovo, uma mão de tomates cherry, uma fatia de pão e está feita uma refeição. Infelizmente o meu metabolismo não foi generoso, e por isso, conto calorias como o arrumador de carros conta trocos no fim do dia. Mas se eu pudesse, ai se eu pudesse, viveria única e exclusivamente para comer. Faria como as gordalhufas norte-americanas, deitadas a ver a Oprah com um "Frigobar" à beira da cama, seria feliz com 200 quilos e um rancho de filhos a lavar-me as partes com panos humedecidos em "dystron".
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Vai uma "Avé Maria"?
Uma vez embeicei-me por um preto. Delicado, inteligente, espirituoso e teso que nem um carapau. Como qualquer artista português não tinha onde cair morto mas eu não me importava nada de lhe servir de guarida durante uns tempos. Para conquistar o seu amor, era a "jarbas" de serviço, chegava-me à frente nos cafés e restaurantes, para no fim nem um agradecimento receber. Nunca me senti melindrada por isso. No meu âmago sabia não ser correspondida, a ilusão, a vontade de querer amar de novo, levava-me a um limite de burrice incalculável. Um dia encontrei a mãe dele, uma jóia de senhora, viu-me no carro a largar o bandalho do filho e meteu a cabeça dentro da janela e disse, "lá na minha Igreja, eu sou da IURD, vou rezar por ti". Mais não precisou dizer. Sacana do preto nunca mais entrou no meu carro, bebeu ou comeu à minha conta. Mesmo assim recebo uns quantos "likes" da sua parte, de quanto em vez no facebook. Será um agradecimento, já meio tardio?
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
E a fufaria continua...
Há uma mística qualquer nas Dr. Martens. Talvez a minha tendência em gostar de botifarras feias, estenda-se também às malas que têm de ser "granjolas", assim como os relógios. Confesso-me uma Maria rapaz e acho até que uma miúda gira, fica com mais pinta, quando usa um acessório claramente masculino e dá-lhe aquele traço "girlie", um toque de delicadeza. A melhor forma de expor a ideia, talvez seja lembrar uma mulher de gravata, altamente sensual...especialmente se a maquilhagem estiver no sítio certo e o penteado impecável. No meu trabalho há paneleiros e fufas que é um disparate e eu como boa gente, dou-me com as pessoas desde que não haja indelicadeza. O bicha, abeira-se de mim e elogia o roxo das botas "girissimassssssss", diz com todo o seu "salero". A fufa, armada em matolona, duvidando da autenticidade do meu calçado, ainda termina em beleza "olha lá, têm biqueira de aço?".
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Roxo
Sento-me num cinema apinhado de gente. Faltam alguns minutos para o filme arrancar e nada para me distrair. Adoro ir sozinha, mas até começar e se não levar telemóvel, é capaz de ser constrangedor. Pensei comprar pipocas e assim roía qualquer coisa e distraía o espírito. Fitei os olhos por mim abaixo numa análise muito criteriosa, e vejo que estou vestida de roxo da cabeça aos pés. Na mala, agenda roxa, pen roxa e quando olho para as horas a tentar perceber se faltava muito para o arranque do filme, relógio roxo. Nunca tinha perdido tempo nesta questão, o roxo é capaz de ser mesmo a minha cor favorita.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Eu sou um câncaro
Portanto, eu sou ligeiramente hipocondríaco. É uma coisa tão ténue que mal se nota, dependendo dos dias, por exemplo hoje, já fui ao google pesquisar doenças cujos sintomas são náusea. Houve uma médica que me tirava as bulas da mão e rasgava-as, dizia que sugestionavam os pacientes, depois de as lerem começavam a delirar com todas as crises possíveis e imaginárias. Na internet há uma bula gigantesca, concluo que neste momento possa ter uma doença altamente mortal e o melhor é começar a escrever cartas a despedir-me dos meus amados. Ou tão simplesmente, ando agoniada porque a figadeira está cansada de ser mal tratada e o organismo às vezes gosta de nos avisar. Quem sabe se estou indisposta, porque sim. Nem tudo se explica. No maior dos dramas, entre os lençois, o gato a roncar que nem um porco, liguei à minha mãe lastimando-me da minha náusea, terminei, secalhar tenho um "câncaro". Porque a estupidez é hereditária, a mãe responde "todos temos câncaros em nosso redor, já a tua avó dizia. Olha eu por exemplo, tenho dois "câncaros". Tu e o teu pai".
Retrato mental
Não nego a importância do João na minha vida. Irei amá-lo para toda a vida de maneiras diferentes, hoje, e amanhã...e sempre. Detesta fotografias porque lembra-o quem é...e a cores. Resta-me um retrato mental ou vê-lo aqui e ali, desconhecidos que se assemelham. Há um actor que me lembra o João. A início pensei que fosse delírio meu, vislumbrando-o noutras pessoas, mas já me confirmaram que são realmente parecidos. Olho-o fascinada, desde o primeiro dia e lembro o meu João, que de muitos defeitos e fraquezas que tenha, nunca me enganou sobre quem era. E se tantas vezes o João sente-se morto, quando o coração bate, ainda bate por mim.
domingo, 20 de novembro de 2011
Maldita fufaria...
O facto de adorar uma boa "bichinha", não quer dizer que goste de fufas. Não gosto nem só um bocadinho. Não que me sinta ameaçada, bem pelo contrário estou bem certa das minhas preferências pois o meu radar não dá margem para dúvidas. Acho-as, modo geral, rudes. Se um larilas dá alegria por onde passa, espalha como se tratassem de confetis, expressões de lhes tirar a peruca. As lésbicas, andam de mal com o mundo, usam de uma carapaça foleira de "machas", que inclui um terrível gosto não só no vestir, mas no comportamento social. Caminham de pernas abertas, talvez o desejo de uma pendureza qualquer, vá-se lá saber?! Todas as fufas tivessem a elegância da Ana Zanatti, vergava-me perante elas num respeito sem fim. Ser mulher é das coisas mais fantásticas do mundo, por algum motivo optaram por gostar delas também. Se assim é, porque têm de comportar-se como camionistas?
sábado, 19 de novembro de 2011
Popota
Não nego preferir a beleza esquelética da Kate Moss, talvez pela minha própria impossibilidade de ser assim...pelo menos sem estar medicada até à ponta dos cabelos. Quando vejo uma gordinha assumida no seu esplendor, ainda mais cheia de estilo e cheirosa, sorriu. Há quem me entenda mal, lá porque estou magra, agora divirto-me a apontar o dedo a quem não segue um regime alimentar tão criterioso. Nada disso, sorrio de orgulho, vê-las tão mulheres, assumindo quem são, cheias de personalidade e não deixam de usar roupa justa, só porque as lojas teimam na ditadora dos números para magras. Chamo-lhes as "popotas", lá andam de cabelos compridos, unhas de gel, calças de ganga justas, pernas tronchudas e botas de cano alto. Lindas as popotas que passeiam pela nossa cidade, sem complexos. Quase tão sexy's como, a própria, que se bamboleia na TV ao som de hits estridentes e a que dá mesmo vontade de bater o pé.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Gata vira lata?
Sou uma espécie de velha recolectora. Antes fosse de botões, quinquilharias, tecidos, farrapos, qualquer coisa é mais glamorosa do que sacos de plástico. Não sei como aconteceu. Há mais de um ano a viver sozinha, decidi que não teria caixote do lixo, usaria sacos. Poderia comprá-los, mas como o dinheiro agora sai directamente do meu bolso, a predisposição para gastar em superficialidades não é a mesma. Com medo que o lixo ganhasse volume e não tivesse onde o colocar, tenho vindo a recolher sacos em todo o lado e a toda a gente. Em posts anteriores referi ser contra qualquer tipo de gamanço, vejamos, não roubo sacos, apenas lhes dou uma utilidade quando me parecem confinados a um "muquefo" cheio de sarro. A juntar aos sacos, tenho uma nova jóia da coroa, caixas. Sou recolectora de caixas de cartão e ando sempre com o nariz enfileirado nos contentores. É ver-me qual gata chique, como uma persa e o seu pêlo brioso, a dar cana pelas lixeiras...diz-se que o cão é vira lata, neste caso a gata anda aos caixotes...
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Entidades à parte...
E aquelas mulheres que passam horas a tratar do cabelo? Vivem para o cabelo? Mais, o cabelo é uma entidade à parte. O meu sentido prático era tal que durante anos não me penteava, recusava ter escova, usar amaçeador ou secador. Tudo ao natural e mesmo assim fazia alto vistão. Bastava-me um bom corte e o resto deixava ao cuidado da natureza. A maldita idade, para além de uma catrefada de doenças e arrelias, nem o cabelo deixou imune a esta condições de mulher de trinta e tal. Está bem, diz que é tempo da queda do cabelo, mas se antes não precisava tratá-lo com preceito, agora, vivo para ele. No banho perco mais tempo a tratar só do cabelo do que do corpo inteiro, é triste que este preceito seja tão superficial. Cá dentro, a minha própria cabeça, também precisava de ser tratada como uma entidade à parte...
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Porcos...
Conheci há muitos anos uma espanhola muito engraçada. Tal como ela também tinha aquela mania dos homens machões, a tresandar a testosterona. Sei que hoje namora com um peruano, mas na altura da nossa relação nenhum homem parecia servir-lhe. Eram todos uns maricas, fracos e sem "pegada". Uma das saídas mais brilhantes da espanholita, resignada ao facto de não encontrar macho suficiente para ela, "para ter chouriço tenho de levar com o porco inteiro". Ri-me muito, hoje é uma realidade na minha vida, acho que prefiro dormir com o meu gato a qualquer homem. Perdi o sentido romântico das relações, porque não há quem honre o que representa a partilha da intimidade, portanto, usa-se e deita-se fora. Muito bem caro amigo, vamos ao que interesse, e toca a andar que quero dormir é com o meu gato, para ti...a porta da rua é serventia da casa. Custa-me realmente ter um porco a dormir a meu lado na cama e o meu gato fora do quarto, privado do seu verdadeiro leito.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Insatisfação
Ninguém disse que seria fácil. Em criança queria ser escritora. Horas intermináveis, primeiro a escrever à mão, depois recebi uma máquina de escrever, mais tarde o computador. E sempre o mesmo ritual, horas perdidas ou ganhas. Muitas palavras, escritas e apagadas, no fim sempre o mesmo destino, lixo. Não guardo nada, porque é reles o que escrevo. Não sei pontuar, dou erros, tenho um léxico limitado e envergonho-me das minhas próprias tentativas. Há sempre uns parolos que lançam livros, escrevem muito pior que eu, vendem. Nessa altura capacito-me, eu sou criativa e as ideias essas ninguém me pode tirar, o mérito de ser idiota é meu, apenas meu. Logo esmoreço quando me apercebo de todas as limitações na minha escrita, então sei de mais uma catrefada de autores, lançaram livros sobre coisas tão pouco interessantes, e vendem. Eu tenho uma história para contar, sei que é boa, é minha, vivida na pele. Tal e qual uma estrada cheia de sinais e que baliza a condução, ao que parece, a pontuação neste caso é um entrava, um bloqueio quase emocional e impede-me de sair deste ponto morto e meter finalmente uma primeira. Talvez um dia me capacite, na prateleira dos autores medíocres, ainda há espaço para mais um.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Nunca me enganou
Desde que estreitamos laços, trata-me como uma fraca, uma emocional da treta. Digo-lhe que tenho orgulho na minha dor, no meu sofrimento, porque enquanto assim é quer dizer que sinto as coisas à flor da pele. Porque aceito cada vez mais o prato que me querem dar a comer, tenho alinhado em todas as sopas que insistem em servir-me, chego a casa empanturro-me de comida de plástico e continuo a pensar por mim mesma. Com a moral dela posso eu bem. Esquece-se que a primeira vez que a vi, estava perdidamente apaixonada, e esse brilho que uma mulher tem nos olhos ninguém pode negar. Digo dela nessa altura uma mulher fraca? Não, parece que usava apenas uns ridículos óculos de filtro cor de rosa, ou quem sabe caminhava sob nenúfares. Depois de eu própria ter levado no totiço por "entrar e sair" de várias paixonetas, sinto-a, instável, as borboletas no estômago, uma inconstância, uma vontade de voar...ela gosta de grandes histórias de amor, mas quem é que quer enganar??
Um cantinho nos infernos...
Fala-me de machos valentes e de rédea curta. Lembra-me os heróis dos filmes que via com o meu pai. Morria de amores pelo Rock Hudson, à altura o exemplo máximo de homem com H grande. Hoje todos sabemos que o Rock não passava de uma paneleira safada, a par de tantas outras, camuflando a sua condição com papeis no grande ecran, absolutamente arrebatadores. Curiosamente o senhor Hudson não se dava com o James Dean, num estilo afectado e frágil, a verdade é que jogavam ambos na mesma equipa. A grande diferença é que um aviava biscoito a torto e a direito e o outro não tinha problema em expor as suas emoções e se preciso fosse, até chorar, mas chorar visceralmente como um bebé. A minha mãe ensinou-me a gostar de homens feios e a cheirar a cavalo, ao que parece algures pelo meio deste percurso, perdi-me qual ovelha tresmalhada. A mãe termina a sua linha de pensamento "homem que chora, diabo o pariu". Eu sempre disse que haveria de ir para o inferno, mãe.
domingo, 13 de novembro de 2011
Coisas ruins...
Sou um calhau com olhos e digo assim à boca cheia, não curto criancinhas nem velhinhos. São fases de pura estupidez, julgamos ser donos do mundo e à nossa volta temos os vassalos que existem apenas para nos fazerem todas as vontades. Somos tomados por desvarios, manias, teimosias, palermices levadas da breca. E nessa altura, criança ou velho, faz birra, levanta a voz, honrando a sua condição. Não podíamos ser mais iguais, vejam lá, até ficamos carecas e usamos fraldas e tudo...
sábado, 12 de novembro de 2011
Depressiva, Eu? Não!
Cai mal dizer que tem ou teve uma depressão. A Laura contava-me, nas entrevista de emprego para justificar um longo período inactiva, optava pela verdade, uma severa depressão. Depressão? Muitos pontos de interrogação na cabeça do entrevistador, provavelmente uma nota negativa na ficha de inscrição da candidata e a impossibilidade de ser chamada para a função. Argumentam não querer contratar pessoas psicologicamente instáveis, mas que raio, porque não dar hipótese às que já se trataram? É que já estou farta das loucas que andam por ai, armadas em ajuizadas, e que recusam qualquer tratamento para mal dos pecados de todos quantos as rodeiam.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Gamanço
Não consigo gamar nem um palito. A única vez que roubei na vida, uma revista "Popcorn" com uma catrefada de posters dos meus ídolos, tinha 14 anos. Nos dias seguintes, sonhos violentíssimos, jurei nunca mais. E por mais tolerante que esta gata hoje seja, há algo que não consegue aceitar, gamanço. Seja ele de que espécie for. Entre o pintarolas que surripia o copo no restaurante para a colecção lá de casa e o gatuno que adopta o estilo "por esticão", não há para mim grande diferença. É um fervor que me sobe pelo estômago e apetece-me simplesmente trucidar o indivíduo. Azar o meu, há dias a fazer compras numa loja de roupa que dizia "tudo a 2 euros", entram 3 drogaditos e desatam a gamar desalmadamente e eu a assistir de camarote. Fervor no buço, olhar gélido, nada podia dizer ou fazer, a não ser sair o quanto antes para desanuviar as ideias, ou não se lembrassem eles de pedir-me a mala....
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
O elixir da eterna juventude
90 anos, disse-me. Já tenho resposta pronta na ponta da língua "ah não parece nada!", mesmo que a pessoa esteja em estado de putrefacção. Não era o caso. Invejáveis 90 anos com uma clareza no pensar e falar, um saber estar, uma forma de vestir impecável, uma pele maravilhosa e uma descrição que me maravilhou. Deixou saber que era solteiro, eu que também tenho como principio de vida manter-me solteira, e que raras vezes me atribuem a real idade, não pude deixar de concluir, o verdadeiro elixir da juventude. É como se as relações em demasia corroem-se as pessoas, as tornassem amargas e lhes sugasse o brilho da pele, o rubor das faces e o sorriso no olhar. Longe de mim aplaudir a solidão, se bem que sou a sua maior fã, mas se não conseguimos uma relação saudável, então mais vale continuar o percurso com a mochila às costas e no mais profundo dos desertos.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Se não os vences...
Com a idade vem o conformismo. O mesmo é dizer, calçar as pantufas, tudo bem. Mas perceber que não vamos mudar o mundo, é chegar a um ponto de maturidade. E deixar o destino tomar o seu curso natural, eu chamo-lhe ser inteligente, há quem lhe atribua um certo comodismo. Queres discutir este ponto de vista? Eu não. Mas faz o seguinte exercício, conta os teus cabelos brancos e depois os meus, boa?
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Cabra Carente
Ontem um amigo dizia para o outro em tom de condenação, tu só gostas dessas cabras carentes. Senti uma alfinetada. Mal sabiam que escutava, mas analisando o meu percurso, em traços gerais, não passo de uma tipa em busca do amor dos outros, visto o défice do mais importante, o amor próprio. Prova-se com o dia de hoje. Vejo-o vir direito a mim, ar desgrenhado, olhar de mel, inevitavelmente lembrou-me dois homens que passaram pela minha vida. A doçura de um, a malandragem de outro e ali fiquei, certamente com um fio de baba invisível a escorrer-me pelo beiço. Ele seguiu caminho, nem olhou duas vezes, e as palavras daqueles dois amigos não me saiam da cabeça. Já não há mesmo paciência para cabras carentes...
Cafezadas
Resisti ao ritual do "cafezinho" até praticamente chegar à casa dos 30. Ainda hoje me irrita um pouco esse fenómeno social, mesmo que beba café prefiro dizer que vou ao "chá", só porque tenho a mania que sou diferente. Mas não pensem que bebo café porque acho o sabor uma maravilha, nada disso. Sabe-me tão mal, como a primeira vez que experimentei. Amarga-me tanto, ainda mais opto por não pôr açúcar que é para as tosses. É a minha dose de remédio, duas a três vezes ao dia. Facto é que o café que vulgarizamos como a simples Bica, desperta-me os sentidos, literalmente, destrava-me bastante, o que é fantástico para alguém que está sempre a pôr o travão a fundo na própria vida com medo de avançar.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Gato, Gato Meu...
A Gata, adora gatos, muitos...todos. Tarde comecei por adoptar um rafeiro e como um vício não consegui parar por ali. Porque os animais tornam-nos melhores pessoas, arrancam o que de melhor há em nós, e eu queria mesmo ser boa pessoa, tinha três maravilhosos felinos em casa. Havia dias, há janelas, mais parecia um desfile. Ora um se pavoneava ao sol, para logo aparecer o outro, enquanto os olhos dos transeuntes se fixavam fascinados. Mas alimentam-nos a quê? São lindos! - Ouvíamos do lado de dentro da janela e os bichanos continuavam de cauda arregalada, vaidosos até mais não. Hoje vivo sozinha, tenho apenas um gato, quando sempre quis ter um gatil inteiro, quero apenas um. E só me apercebi quando, desesperado um cibernauta me impingia uma gata abandonada, para servir de parceira do meu maravilhoso "gatídeo". Ciumenta disse, não, aqui a parceira sou eu, bolas! Vivemos quase maritalmente. Adoro ser o centro de todas as suas atenções, os nossos rituais, discussões e acima de tudo as nossa sonecas...
domingo, 6 de novembro de 2011
Gestão de complicada digestão
Não é um problema de hoje. Acentua-se a cada dia que passa e por isso assusta-me. Mal consigo lidar com o tempo entre mãos. Sinto-me prejudicada pelo facto de necessitar de sonos prolongados, em relação à maior parte das pessoas, são pelo menos 10 a 12 horas de um dia que vão para o galheiro, para quê? Para dormir, pois claro! Mas preciso. Facto é que há um privilégio inegável, declaro ao patrão apenas 3 horas diárias de trabalho, o que é isso comparando com os restantes assalariados? Uma vida maravilhosa cujo tempo deveria esticar. Mentira. Os que têm famílias de perder de vista, contas a fazer à vida, comida para pôr no prato e o sono dos justos a dormir, a esses o tempo dá-lhes quase para tudo. Eu, a desocupada, a tal que só finge que dá ao coirão três horas por dia, mal tempo tem para dar um jeitinho nas sobrancelhas, depilar as virilhas ou cortar as unhas dos pés.
sábado, 5 de novembro de 2011
Sensível e Tresloucada...
Dois sacos de lixo apinhados para levar à rua. Foi preferível mudar a roupa da cama, e depois do ninho estar mais quente, não resisti aninhar-me lá dentro com o meu patinhas. O lixo que se lixe, cheira mal, também eu, que não vejo águinha há uns dias valentes. Ali fiquei, a ver "Sensibilidade e Bom Senso" no Canal Hollywood. Recebo um SMS, ela anda pela Golegã, provavelmente alcoolizada no meio dos animais, de várias espécies...os cavalos por esta altura são os mais dóceis que se encontram por aquelas zonas. O meu animal, dá sinal de vida, quando sente uma lágrima minha no seu pêlo, acordou, o filme terminou. Um final feliz, ao menos isso. Ele lambe-me a cara e eu sorrio, quem se pode sentir realmente sozinha assim?
Aquele amor...
O amor que se tem pelas pessoas não se explica. Antes eu gostava de teorizar sobre isso. Anotava no meu bloco de notas, o porquê de estar profundamente apaixonada, destacava as imensas qualidades do meu amado, colocava-o num pedestal e assim vivia de corpo e alma. Com uma entrega tão cega, enganava-me tantas vezes no idealismo de uma relação que não passava disso mesmo, uma construção na minha mente em busca de um ideal, irreal. Hoje amo, talvez o ser mais imperfeito ao cimo da terra, é aquele amor que será para toda a vida. Creio ser um amor mutante, mas não deixará nunca de o ser, nunca deixará de ser aquele amor, inexplicável e sobretudo sincero.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Adeus, whatever
Não deve haver quem não goste do rapaz. Uma jóia da coroa. Sempre pronto a ajudar o próximo, de braços abertos para acolher quem lhe entra porta dentro, diz-se acima de qualquer coisa, leal. Quando o conheci, pensei, que sorte danada! Miúdo extraordinário que se estatela assim na minha vida, numa altura em que só vejo cães vadios com a mania que têm pedigree. Com a ligação noto-me mudar, nem sempre para melhor, esmoreço, deixo de acreditar nos meus sonhos de menina e moça e no meu olhar instala-se uma expressão de desalento. Há violência psicológica, muita, sem haver mas há. "Não podes ser assim", diz ele, cada vez que abro a boca para lhe falar do meu mundo cor de rosa. Sinto-me a definhar, porque já não sei quem sou. Quero matar o meu próprio coração para o agradar, mas não consigo e sofro por isso, frustrada. Acordo e este rapaz, bom moço a jóia da coroa, parece-me agora uma lesma insignificante que vai deslizando por ai sem causar grande impacto. Porque haveria de o fazer na minha vida?
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Má como as cobras?
Uso Dr. Martens, calças de ganga justas, t-shirts foleiras e dou uma de miúda má. Às vezes sento-me de perna aberta, a beber pelo gargalo e a dar por terminada uma conversa ao estilo "e se fosses mas é para o caralhinho". Abanco à parte, ponho os headphones e curto o meu som enquanto olho o mundo sem um sorriso nos lábios e um olhar de aço. Sei que há uma puta de uma ruga que não me larga a testa porque tenho esta forma de andar na rua, trombuda, desligada, assim meio fodida com o mundo. Depois, nos meus headphones ouve-se a electricidade vibrante de I Blame Coco, em mente uma festa de chá enquadrada num ceu cor de baunilha e quando, sem querer dou uma pisadela a alguém, desfaço-me em desculpas, porque no fundo a culpa há-de ser sempre minha...
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Romântica até mais...não...
É um orgulho tonto mas gosto de ser romântica. Não pelas flores ou o anel de rubi, mas sim o gesto, o olhar, o toque e a pele. E quando as pessoas que me rodeiam questionam esta forma de ser, apenas porque já passei a idade da inocência, desatino. Apaixonar-me hoje, é tão bonito como a primeira vez. Quero andar ao mesmo passo, lado a lado, ombrear, empernar, cair nos seus braços sem medo de cair e estatelar-me.Em meu redor já ninguém acredita nisso, só, faço o meu filme em jeito produção indie de baixíssimo orçamento. Não quero deixar morrer o sonho, acreditar que é possível, por isso, recolho prazer daqui e dacoli como um passarinho que dá pequenas bicadas para se alimentar.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
O reino dos animais
Gosto de paneleiros, mas um de cada vez. Duas bichas juntas já é carnaval, e nunca fui dada a essas fantochadas de plumas e purpurinas. Se bem que adoro "discosound", mas no recato do meu lar, com o lenço na cabeça e a esfregona na mão. Adoro ouvir um gay expressar-se, falar da sua sexualidade, hábitos, costumes e do rigor como gosta de se cuidar e ver os outros em seu redor bonitos. O larilas por natureza prima pela beleza no estar e é positivo relacionar-nos com alguém que emane estas energias vibrantes, mesmo que às vezes exagere nos termos e capriche em demasia "mulherrrrrrrr olha-me esse buço". E realmente não fosse o tal amigo gay, o que seria de nós, umas "monstrengas" que de tanto para fazer às vezes se esquece de si. É isto que temos a aprender com a bicheza, umbiguistas até mais não, primeiro eles...depois o resto, os mortais, as "pessoinhas"...
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