Não pego no copo e colo-o à parede para ouvir a conversa dos vizinhos. Há uns tempos dei comigo a fazer algo do género, deitada na cama de papo para o ar, o gato em cima da minha barriga, os dois a fitar o tecto, e pequenos gemidos de prazer vinham do piso superior. Peguei no comando e silêncio total no meu quarto. O gato arrebitou as orelhas e eu arregalei os olhos, efectivamente, fazia-se o mais lindo amor. Uma harmonia tal, que dava gosto ouvir, apeteceu-me aplaudir de pé, bater-lhes nas costas quando os encontrasse nas escadas balbuciando "well done" e, porque os tempos são de crise, fazer-me convidada para uma próxima vez, com vista privilegiada, eu e o gato, claro.
