A criancinha de hoje diz, um dia quando for grande quero ter daqueles cartões, aqueles que uma pessoa coloca na máquina e sai dinheiro. Dinheiro de plástico como no Monopólio, o meu jogo favorito na infância, a par do Sabichão. Triste, triste, uma criança que antes adorava lamber os dedos para contar as verdinhas é agora uma adulta alérgica a nota e trocados. E de sabichona, tem tão pouco, que mesmo que lhe gabem a inteligência, também não sabem realmente do que falam. Gozam com a miúda da "Casa dos Segredos", Cátia, não sabe as capitais, do alpendre e o camandro. Ficamos inertes em casa de comando na mão a parodiar a burrice dos outros, mas cada um encontra formas de sobrevivência, essa miúda lá se vai safando na promoção da sua própria pequenez. E tu que trabalhas no call-center deves achar que estás muitos furos a cima, não?! Get a grip!
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
Diz que é insanidade temporária...
As compulsivas em compras podem alegar insanidade temporária, digo eu. Absurdo não comer para não cagar, é o meu caso, vivo quase exclusivamente para a renda de casa, não deixo por isso de lado a minha verdadeira essência de mulher fútil. Num dia como qualquer outro, com um daqueles ataques de nervos, recorro ao meu drunfo, em 10 minutos deixei de ser eu. Entrei numa loja, descontraidamente, peguei, experimentei, paguei e nem questionei. Só quando cheguei a casa, já em mim, realizei a brutalidade que cometera. A profunda vontade foi pedir encarecidamente para me devolverem o dinheiro, mas talvez não me apetecesse realmente ficar sem a roupa.
sábado, 29 de outubro de 2011
Grande cabrão!
Adoro-a e desconfio que ela também. Discordamos em muita coisa, homens é talvez a principal, porque nenhuma das duas abdica do seu ponto de vista. Eu sou pelos delicados, flor de estufa e atormentados, estilo James Dean Ela gosto do estilo mais viril, corpulento, machão, aposto meio à sorte num Paul Newman, quem sabe. Nunca falámos disto, creio que talvez nos encontrassemos algo no meio, Clint Eastwood. Em estilos tão díspares consegue ser o canastrão de "O Bom, o Mau e o Vilão" ou o heroi romântico de "As Pontes de Madison County". O Virgílio, a quem faço o favor de conceder a minha amizade, visitou-me. Como um verdadeiro homem, encheu-me a casa de tabaco, falou para o próprio se ouvir, ironizou para o próprio se rir a bandeiras despregadas. E no fim ainda disse que há mulheres que pelo seu comportamento errático, merecem levar na tromba. Porque o drunfo ainda me latejava na cabeça, nem "mugi nem tugi". Que grande cabrão!
Maldição...
O dia tem tudo para correr de feição. A boa disposição matinal, o café quentinho, os bigodinhos do gato e vou saindo de casa com a certeza de que voltei a mim, a ser eu. O vento bate-me nos cabelos, emaranha-os com a roupa que se enrola desajeitadamente ao corpo tal é a violência da intempérie. Venham ventos e tempestades mas nada pode estragar o meu dia, facto é que algo me transtorna, raios! O que será, penso. Páro no semáforo vermelho, aproveito para fazer um scan geral, o sinal fica verde e toda a gente atravessa. Sigo a multidão e na caminhada percebo, raispartam as cuecas que comprei no chinês.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Tatuagens. Onde anda a minha mente?
Sonho todas as noites, nem sempre me lembro com o quê ou quem, antes assim. Alienada, longe de mim própria, talvez me tenha encontrado numa dessas divagações nocturnas quando o sonhei e pela manhã coincidentemente, o telefone toca. Disse-me que não pregava olho desde as sete e que não sabia se haveria marcar o meu número, que há tantos meses não usa mas não lhe sai da memória como uma maldita tatuagem.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Pronto, é desta!
Pensei para os meus botanitos, vou elouquecer. Não consigo pensar direito, o que ontem parecia uma verdade absoluta, hoje já é assim meio relativo e amanhã, por certo, já aparecerá aos meus olhos meio turvo. A vontade é das poucas coisas que geralmente ninguém nos pode roubar, a minha escafedeu-se. Já a procurei debaixo da cama, sitio costumeiro onde as vontades adoram juntar-se para longas tardes de chá e altas conspirações contra nós. Nenhuma vontade, apenas rolos de cotão e pêlos de gato.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Sebenta
Há alturas assim e não me apetece tomar banho. É uma necessidade de chafurdar no mais profundo do meu ser, literalmente e sem recurso a metáforas. Poupa-se na água, gás, sabonete e na pele, que assim acumula mais uma dose de sebo. Passa um dia, dois, três, e a vontade de ir para debaixo de água? Só o gato se revela desejoso por chapinhar na banheira. O telefone toca, a mãe pergunta, a amiga inquire, o amigo questiona, tudo em torno da mesma temática. Orgulhosa, recuso-me em chegar o pelo à água e cubro o corpo com camadas de roupa, escondo o cabelo com chapeus e aparatosos carrapichos. Surgem as primeiras ameaças, haverá consequências se não tomar banho. Antes que campainha toque com um louco qualquer a barricar-me na casa de banho, vou ali desencrostar um pouco do "bedum", porque este encontro comigo mesma começa a nausear-me ligeiramente.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Câncaro
Há um ideia estúpida e que me persegue. Um dia vamos todos morrer de cancro. Preferia que me desse um treco durante o sono e nunca mais acordasse, ficar às portas da morte numa cama de Hospital não me agrada, mas para mim é o que temos de certo nesta vida. Então se vamos morrer de cancro, ao menos seja a rir, assim é a minha sordidez brincar com a doença. É patológico, começou em tenra idade, gargalhar quando o momento requeria algum respeito. A idade avança e estas coisas do carácter não têm melhoras nenhumas. Eu e o Ricardo falamos de refeições económicas. Fascinados por comida de lata, ele acrescenta pão que adora molhar no azeite do bacalhau ou atum, maravilhosa badalhoquice. Não faz ideia desta minha certeza e termina; "com tanta refeição de lata, o zinco a entrar no organismo, vamos morrer com cancro." E, porque o Ricardo deve ser tão parvo como eu, risse.
sábado, 22 de outubro de 2011
Quentinho...
O Outono está ai. Adoro todas as estações. Cada uma com o seu encanto. E se outrora as casas de chá serviam-me de acolhimento para longas horas de conversa e fantásticos scones com manteiga, agora ando com outros sentidos despertos, chocolate quente. Ali fico a bebericar, entorna-se conversa fora, evita-se a crise ou a austeridade, já nos bastam os noticiários. Aquele momento é doce, leitoso e cremoso...
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Para quê ouvir a mesma canção?
O parvalhão o Rui Veloso diz que não se deve gostar de quem não ouve a mesma canção. É superficial ver as coisas nesta perspectiva. Até porque eu ouvi a mesma canção, logo julguei escutar os passarinhos, sentir formigueiro no estômago ou as sinetas da paixão, e tudo não passaram de balelas. Tudo difere como se está numa canção. Eu escutei-a com o coração nas mãos, do outro lado, alguém que há muito o chutou para canto fez ouvidos de mercador.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Por exclusão de partes...
Ela diz que precisa de se apaixonar por alguém, como de pão para a boca. Por outro lado, eu necessito que se percam de amores por mim, como o ar que respiro. Bom, não há meio dela se apaixonar, continua gordinha e ninguém a vê abrandar nas comesainas. Isso quer dizer, tão simplesmente, não irei morrer asfixiada, se ao fim deste tempo todo, ninguém conseguir realmente amar-me.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Dois é bom...três já é multidão...
Não pego no copo e colo-o à parede para ouvir a conversa dos vizinhos. Há uns tempos dei comigo a fazer algo do género, deitada na cama de papo para o ar, o gato em cima da minha barriga, os dois a fitar o tecto, e pequenos gemidos de prazer vinham do piso superior. Peguei no comando e silêncio total no meu quarto. O gato arrebitou as orelhas e eu arregalei os olhos, efectivamente, fazia-se o mais lindo amor. Uma harmonia tal, que dava gosto ouvir, apeteceu-me aplaudir de pé, bater-lhes nas costas quando os encontrasse nas escadas balbuciando "well done" e, porque os tempos são de crise, fazer-me convidada para uma próxima vez, com vista privilegiada, eu e o gato, claro.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Leitinho
A minha relação com o leite tem tanto de didática e absurda, simultaneamente. Poderia encher páginas imensas com episódios, desde o dia que nasci, mais tarde agarrada à teta da mãe, até ao dia de hoje, cuja ideia de uma criança agarrada ao meu mamilo me transtorna francamente. Quem segue as patinhas da gata persa sabe que o facto de andar com cio o ano inteiro, não se irá materializar no desejo em parir crias indefesas neste mundo cão. Fecho os olhos e deleito-me com um pastelinho de nata quente, sabe-me pela vida, o delírio é meio caminho andado para me destravar um pouco mais "humm...que bom, sabe mesmo a leitinho". Mal não haveria, se ao meu rosto orgásmico não estivessem colados uns quantos pares de olhos, mais parece assistirem a um filme pornográfico de muito má qualidade.
Mitos
É homem e gosta de outros homens. Como eu, adora uma bonita pila, e refere-se ao orgão masculino com um respeito transcendental. Confere-lhe estilo ou personalidade, mais do que à própria pessoa, alto conhecedor, aliás um observador nato nos lavabos masculinos da grande Lisboa, dá como certo o que consideramos um mito; a proporção do nariz, mãos e pés em relação ao pénis. No Metro, aprecia um tipo de óculos rectangulares, arrepia-se logo depois "menina, nem que fosse o último à face da terra, vê-me o tamanhinho daquelas mãos!!". Jura-me sob todos os falos que já abarbatou na sua vida que sim, o mito é factual, ao que parece calhou-me a excepção, talvez o único homem ao cimo da terra com umas mãos enormes, dedos grossos, nariz igualmente proeminentes, possui pila escanifobética. Galo do caralho!
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Dragaminas...
Qual é o tipo de gajo que aprecias, ouvia com frequência. O que acontecia, depois de muito descrever, a incredulidade do mulherio em geral e habitual comentário "mas isso parece mais um drogado". Pronto, talvez goste desse estilo seboso, despenteado, destratado, pele e osso. Uma coisa é certa, detesto homens que fumem, seja o que for. Um dia aconteceu, a imagem e o vício, tudo incluído no pacote, e psicoses à mistura de bónus. Não foi fixe, nem sexy, muito menos divertido, nada a ver com o "lifestyle" de boémia que nos promovem diariamente. Parece que só ao sair de nós próprios conseguimos a divina redenção, parece, mas não é. Só a morte pode salvar algumas dessas mentes atormentadas. E, sim, continuo a gostar de homens com estilo seboso, despenteado, destratato, pele e osso, mas já não embarco em filmes 3 D.
domingo, 16 de outubro de 2011
Queridas machonas
O que é pior do que um machista? É uma machista!
A mulher de buço, pêlo no sovaco e que fala como se quisesse ir para a praça pública queimar o soutien. Merece os mesmos direitos do homem, incluindo ser rude ou mal educada. Adora publicar fotos no facebook a beber cerveja, com um cigarro entre os dedos, talvez a comer caracóis, ou na melhor das situações deitada numa esteira a exibir uma tattoo, de gosto duvidoso, e com o vasilhame cheio de estrias, afinal já foi mãe 3 vezes. Cada filho tem um pai diferente, há um padrão que se mantém, o tipo de homem que gosta de ter a seu lado. Machões dos que lhe arreiam, claro, porque o amor sem dor não é a mesma coisa. Nas concentrações motards, as machonas acompanham com meio rego ao leu os meus machões e transmitem a imagem de mulheres duronas, fortes como bulldozers. Toda a carapaça exterior serve unicamente para esconder um ser frágil, que tantas vezes espera pelos braços fortes do seu homem e acaba com um punho cerrado no focinho.
sábado, 15 de outubro de 2011
Amor ao próprio
Todos precisamos de acreditar em alguma coisa. É cada vez mais difícil crer num Deus todo poderoso. Nem se pense, deixar a nossa vida nas mãos de outras pessoas. Fazer de nós próprios a fonte de todas as energias, o motor para atravessar os dias nem sempre fáceis, depositar a fé na nossa própria vontade é o mais inteligente. Acordo e debato-me com um sério problema, porque só acredito no que vejo, Deus nem sequer é uma hipótese e a minha relação com as pessoas desgastou-me a pouca auto-estima que restava. Para erguer algum orgulho, hastear a bandeira de fé em mim, é preciso recuperar amor próprio. A solução para amar-me é tão complexa como desafiar alguém a completar o cubo mágico. É inglório logo à partida...
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Paneleiros de merda...
Quem não goza com os paneleiros? Os próprios o fazem e ainda bem, só prova que têm bom humor e aceitam a sua condição com naturalidade. Partilho horas com um bom amigo que aceita tudo, menos a palavra "rôto", sobe-lhe a testosterona à garganta e a voz parece um trovão "vai chamar rôto ao caralho". Aceito, eu própria, não atino com certas palavras, ofendo-me até. Mas há algo que não consigo tolerar, a bicha púdica. O tipo efeminado, armada ao pingarelho da sua masculinidade, reclamando uma justa bissexualidade, porque o amor é livre. Ofendido por tudo e por nada, na intimidade com outros homens faz gala da sua posição activa, como se isso mudasse muito. São simplesmente uns paneleiros de merda, não pela opção sexual, mas pela falta de verticalidade em assumi-la.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Selvagens!
Quem é capaz de abandonar um animal? Depois de oferecer um lar, de prometer conforto, acolher como se de um familiar se tratasse, e no fim largá-lo no meio da estrada, sem olhar para trás? Há uma quantidade de selvagens, considerados responsáveis, com actos tão cobardes como largar um cão à beira da estrada e fugir. Ninguém duvide que essas mesmas pessoas, durante esta longa jornada, hesitarão em deitar borda fora alguns familiares mais incómodos; doentes, acamados ou simplesmente idosos. Os selvagens somos todos nós, os tais que articulam muito bem o verbo, mas cujos princípios há muito se desarticularam da nossa moral.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Tarde demais...
Não gosto de crianças. Tantas vezes o digo, tantas vezes se escandalizam. Raispartam, há muita gente que as adora, deixem-me não gosta, ou pelo menos fazer de conta que não. Dizia-se, noutros tempos que os comunistas comiam criancinhas ao pequeno almoço, não é bem o meu caso, até porque alimento-me como um passarinho logo pela manhã, mas ao passo que a generalidade das pessoas se derrete com uma criatura de palmo humano, eu não. Não quero com isso dizer que tenha ficado indiferente, quando no outro dia vi um homem de mau aspecto, completamente alterado aos gritos e murros a tudo, com duas pequenas a seu lado e à beira de um ataque de choro. É uma dor que ainda me consome hoje, o que poderia ter feito? Confrontá-lo? Chamar os seguranças? Qualquer coisa seria melhor do que calar e seguir em frente. Talvez estas meninas sejam um dia como esta mulher que vos escreve, que só conseguiu escapar das garras de um pai psicologicamente violador, quando descobriu que sozinha valia mais do que em casa lhe faziam crer. Não gosto de crianças. Mas jamais me irei perdoar por não ter feito nada por aquelas duas meninas.
Show me the money...
Já fui muito mal fodida. Aconteceu poucas vezes, contam-se pelos dedos de uma mão e ainda sobram. Não é ao acaso que se diz de uma pessoa com mau feitio ser "a mal fodida". É realmente impossível ficar-se bem disposta depois de "chupar no dedo", e observar a expressão do fulaninho, que até acha que teve uma performance de 30 segundos fenomenal. Sentir-me puta, só se me pagarem e bem, portanto querido larga ai a nota porque à tua velocidade ainda consigo aviar uma dúzia deles esta noite.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Ó Nandooooo
Passam pela minha vida tantos cubos de gelo, pessoas cujos afectos não deverão tomar demasiado espaço nas suas existências, portanto, sentar-me ao colo do Nando em pleno Chiado, numa noite fria de Outono, foi talvez das coisas mais calorosas que fiz nos últimos meses, a par do chocolate quente que bebera minutos antes. O Nando é sábio, porque não fala, rijo como o ferro ali fica para quem o quiser fotografar, qual postal de Lisboa, não é segredo nenhum, o nosso Fernando Pessoa mesmo à Porta da Brasileira. Também não é de estranhar, numa capital cheia de gente com coração de pedra, encontre, no colinho do Nando e a altas horas da noite, alguma humanidade. Agora é ferro mas antes foi homem, carne e osso, com as sensações à flor da pele.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Maria vai com as outras
Dois pratos com água malcheirosa do fim de semana passado para lavar. Acrescente à minha lista de enfermidades o grave problema de gestão de tempo, nas últimas duas semanas, com uma intensíssima vida social. Uma coisa de loucos, ao ponto de mal ter tempo para respirar, sinto-me no meio de gente boa e creio gostar de mim. Porém, no momento de aflição apenas possa contar com a super mãe, a que nunca irá abandonar o barco mesmo que esteja a afundar-se. Porque se antes concebia as amizades, ingenuamente para o bem e para o mal, hoje sei quando a necessidade nos abala, é em vão que percorremos a lista de contactos no telemóvel. Agora aceito-o, lá diz o ditado, se não os vences junta-te a eles. Enquanto estão por lá, fazem-me rir a bom rir...
domingo, 9 de outubro de 2011
Pequenas partilhas
Dormir noutra cama pode ser constrangedor, especialmente quando acordamos, o mau hálito matinal e sem uma escova de dentes nas redondezas. Opto por não falar, no entanto sorrio, observo embevecida o meu par e na mente um só pensamento, como raio vou sair daqui sem parecer uma puta de vão de escada? Antes de chegar a qualquer conclusão já estamos na banheira, como dois gatos numa autêntica lambiçoca num banho de língua, saímos encharcados. Enrolo-me à toalha e passa-me o seu desodorizante, é certo o cheiro a macho o dia inteiro. Serão assim as primeiras partilhas?
sábado, 8 de outubro de 2011
Tem defeito...
A família. Tudo pela família. Não me identifico com esse espírito, nem de perto nem de longe, assusta-me até a ideia de se juntar muita gente à volta da mesma mesa. A minha família é a que tenho construído ao longo de 34 anos anos de vida. Aquela gente com quem afino e não a que me desatina. O Sangue, diz a minha mãe, o Sangue...com o mesmo tom de voz da Olga Cardoso naquele programa ridículo do início da TVI onde gritava "a chaveeeee, a chaveeee". Pois bem, o meu sangue deve ter defeito ou ser bombeado para o lado errado do coração.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Nunca!
Reporto-me para a Calçada do Combro, uma casa com velhas tabuinhas, um gira discos e o som dos ABBA. Rodopiava em cima da carpete azul petróleo, teria 6 anos, e nunca ouvira uma coisa assim. Tenho saudades do tempo da descoberta. Tudo era surpreendente e fantástico aos nossos olhos de criança. É esse olhar que tantas vezes gosto de preservar, a ingenuidade da primeira vez, mesmo que seja a milésima. É claro, há sempre um brutamontes a chamar-nos à atenção "então, quando é que cresces?".
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
À espera do meu final feliz...
Acusa-me de querer a minha num filme, uma comédia romântica, daquelas ligeirinhas que vemos com o pacote das pipocas preso entre os joelhos e sorriso tolo nos lábios. Aqueles filmes que, sem qualquer surpresa, têm um final feliz. Mas é essa a vida que vivo, desde o acordar. O gato salta-me para o colo, lambe-me a bochecha, dou-lhe os bons dias, contemplo o sol a bater nas janelas enquanto vou mordiscando uma maçã, ligo a máquina do café e sorrio para o vazio. Hoje tenho um grande dia pela frente.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Doce maníaca
Orgulho-me de não perder nada. Há aquelas pessoas com talentos para deixar as chaves do carro, os óculos, o telemóvel em sítios rocambolescos. Raras vezes perco alguma coisa, não se pense que sou organizada, nada disso. Aliás, oriento-me no caos, entre livros, discos e roupa, sei onde tudo se encontra. É esse o encanto de viver sozinha, as coisas ficam onde as deixamos. Saber que o tal post-it com determinada informação ficou naquele pedacinho de secretária e agora, nada, levar-me-ia certamente à loucura. Não sou "freak control" mas tenho o meu quê de manipuladora.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Desamparem o cinema paraíso
O cinema paraíso fica no Chiado. Mesmo ao lado de uma loja de roupa, nos 80s aquela montra era um estoiro com a frente de um carro amarelo quase a cair-nos em cima. Mais ao lado, galifões caiam em cima de jovens odaliscas sedentas de desejo e pagas a cada gemido, assim eram e permanecem as modas no cinema paraíso no chiado, onde há filmes pornográficos, com uma tasquinha a intervalar as vontades. Há ainda quem pague bilhete para bater...uma bela sorna, há falta de um tecto melhor. Entrei a primeira vez no cinema paraíso, quando a sala foi alugada pelo FantasPorto e passaram um documentário dos Sex Pistols, há muito queria ver. Sentei-me nas cadeiras com receio, mirei-as muito bem e pior que tudo foi perceber que o público, o verdadeiro público do cinema paraíso continuava na tasquinha, esperando que o FantasPorto desamparasse "a loja" daqueles filmes eruditos, porque o pessoal queria cus e mamas.Ainda hoje acho que não me devia ter sentado naquela cadeira...é mais do que uma impressão, uma certeza.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
A mulher perfeita
Há memórias que hei-de levar para a cova, nem sempre pelos melhores motivos, esta é uma dessas. Tem graça, muita piada até, mas revela pequenez de espírito e isso não é nada divertido. Ele, na altura o homem da minha vida, diz sobre uma célebre jornalista, adoro-a é charmosa. Não pude deixar de concordar. Prosseguiu, é uma mulher completa; inteligente e interessante. Acenei com a cabeça. A bomba explodiu - ela cozinha, faz pão e tudo, é a mulher perfeita - digamos que o nosso caso não tinha muito mais por onde andar. Eu nem um ovo sei estrelar sem se "esparramar" todo na frigideira.
domingo, 2 de outubro de 2011
Já não há mulheres como antigamente....
O tipo leva-me lá a casa e cozinha. Senta-me, serve-me um café, mostra-me os tarecos, anda de volta das panelas, depois põe o peixe na frigideira, pergunta-me se prefiro legumes a acompanhar, oferece-me mais qualquer coisa e conversamos para fazer tempo até a refeição estar pronto. Gostava imenso de retribuir-lhe na mesma moeda, mas uma vez cá em casa, senti-me uma artista de circo, mostrei-lhe a minha colecção de enlatados, tirei os pratos, atirei com o conteúdo para o micro-ondas e mesa. Uma rapidez avassaladora, com tudo a que tínhamos direito e mais que possam imaginar de sobremesa. Eu gostava de ser como aquelas brilhantes donas de casa mas infelizmente não pulula uma "sopeira" dentro de mim.
sábado, 1 de outubro de 2011
Gato do diabo!
A história da mulher sozinha e o seu gato a comer-lhe metade da cara, enquanto alguém dá com o cenário dantesco, é alvo de muitas graçolas para atacar as solteironas. Ontem acordei, e tinha o meu gato, literalmente em cima da minha cabeça. Abri os olhos, respirei fundo, confirmei que ainda vivia e que talvez tivesse emitido sinais errados ao bichano. Ou quisera apanhar-me desprevenida e atacar-me sem dó nem piedade. Embora este lindo felino tom caramelo tenha vindo para aqui com 4 anos de idade, após a dona falecer bastante jovem com cancro, eu tenho a minha próprio teoria. Há mesmo qualquer coisa de terrível nesta doce criatura e algo me diz que eu serei a sua próxima vítima...
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