Aquele sentimento de inferioridade que me assenta tão bem, leva-me ao mesmo lugar constantemente, ninguém gosta de mim. E se por acaso alguém afirma que gosta, faço o meu ar de espanto e pergunto, mas porquê, como se fosse a coisa mais parva de se gostar. Não era preferível gostar-se de tremocinhos bem salgados na esplanada da tasca de senhor António? Na minha insignificância, perguntei-lhe abismada, afinal, porque gostava de mim, o que teria encantado na minha pessoa. Para gostar mim, que seja por algo maior, uma característica fantástica. Mas, como tantas outras vezes, oiço palavras sábias da boca d'ele "gostei de ti porque me pareceste descomplicada". Mais do que uma fraude, senti-me uma fralda a tresandar a merda. Mal amada, desconsiderada e agora com fama de maníaca. Aos 34 anos era mesmo o que precisava, a par com esta ruga de expressão que não me sai da testa.
