Poderia ser um título de Fado, agora a Património Imaterial da Humanidade, calha bem. Não, é tão simplesmente um estado de alma, saudades de mim, contudo não quero dizer "ó tempo volta para trás" porque gosto muito de reconhecer o caminho percorrido e a evolução que sofri. E quando há quem diga, numa de moralismo baboco e concelho de cordel "nunca mudes", apetece-me mandá-lo à merda. Eu mudei, e continuarei a mudar, porque quero muito ser melhor. Mesmo assim, tenho saudades de mim, de quando a bancada da minha cozinha não se enchia de caixas de medicamentos, quando não me sentia uma cobaia de um qualquer médico armado em esperto, quando bastava um bolicau para que tudo ficasse sanado. Tenho mesmo muitas saudades de mim, mesmo assim, gosto mais de mim agora.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
O amor acontece...
mesmo quando estamos à beira de um ataque de nervos. Digo, eu, passei talvez um dos mais enfermos Natais que me lembro, enfiada na cama, com um só desejo, ter paz e silêncio de espírito. Todos os anos gracejo com o facto do meu pai estragar o nosso Natal, aliás ele é pródigo em amuar nessa altura, e se por acaso nos dá uma benece na época natalina então, é certo que o ano novo será catastrófico e até as 12 passas prometem deixar-nos com azia. Pois este ano, todos estavam bem dispostos, gracejavam em voz alta, ouviam-se as panelas na cozinha, tudo como se quer numa família funcional. Mas eu era o elemento disfuncional da consoada, depois de 3 drunfos seguidos, uma soneca até à meia noite, acordei e percebi que pelo primeiro ano tinha sido a desmancha prazeres.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Mini Me
Que raios, a Beca, deixou uma saca de roupa velha para me desfazer. Meti o nariz dentro do saco e havia peças vintage ou retro. Não resisto a velharias, o que seria para despachar, passou directamente para este corpinho lindo. Lenços e um poncho, sai à rua, vaporosa, e senti-me uma "mini Beca". A ideia não me agradou, a não ser que tivesse a clarividência da senhora para compreender a vida nos astros.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Coleccionador
O Guilherme é um exímio coleccionador de pessoas. Lembro quando tive o primeiro gato, pardo, logo quis ter outro, e segui numa paixão desmedida coleccionando felinos de várias cores. Fazê-lo com pessoas, é meio sórdido, ouvir falar do carequinha, do gordinho, do loirinho, quase lembra o desfile de gatos que há lá por casa. Lá me vou rindo com as histórias do Guilherme, e como se descarta de alguns elementos da sua colecção. Uns porque cheiram de alfazema, outros gostam de música indie, e há os que simplesmente são demasiado sensíveis, a lembrar quase uma mulher. Na colecção do meu querido amigo, há certamente um défice feminino, sinto-me o novo cromo da sua colecção. Olha-me fascinado, diz estar a escrever um conto sobre mim, e dá-me a sensação que até nem se importava de fazer um "test drive" para desenjoar. Isto não me agrada mesmo nada, o Guilherme é um doce, mas sem dúvida um yogurt estragado.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Eu também sei montar....
Uma mulher que vive só com um gato tem de desenrascar-se ou está tramada. O gato não mexe uma palha, pedir uma mãozinha ao vizinho pode causar problemas e não queremos ser chamadas de destruidoras do lar, portanto, que fazemos...efectivamente...fazemos. Comprei uma espécie de cabide gigante com rodas no IKEA, o drama logo à partida e trago o artigo errado. Ninguém disse que seria fácil, mesmo assim, com uma dose de paciência que vou buscar não sei onde, já tenho o dito, cujo o meu amigo paneleiro insiste em dar um nome em francês pois é chique e ele é larilas, e larilas é mesmo assim. Ferros, parafusos, e eu. Recuso-me ler instruções porque não as compreendo, não há tempo a perder, tenho de montar sem um único homem em casa. O gato, não ajuda, bem pelo contrário, importuna. Mãos à obra, tentativa erro, mais de uma hora depois, a fazer lembrar uma das últimas plásticas da Cher, hei-lo, algo caquéctico, mas erguido.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Laços de Ternura
Socorro, foi assim que um caro amigo encarou a primeira abordagem deste post. Queixo-me de não ser lida, de escrever para o boneco, intensificando tantas vezes a minha solidão. Receber um simples sms, consola-me o espírito, sinto-me importante e uau...realmente há alguém do outro lado. Esse é dos sentimentos mais bonitos, quando recebemos em dobro, o carinho que damos desinteressadamente.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Mulher invisivel?
Durante anos sentia-me a mulher invisível. A gorda, badocha and so on...and on...
Agora não é o caso, mas continuo a sentir-me igualmente invisível. Até gosto de estar na sombra, passar entre a chuva, deixar os aplausos para quem gosta do brilho das luzes e de usar vestidos com purpurinas. Mas quando o facto, sorrateiramente, interfere na auto-estima, há um problema. Hoje, na Fnac, talvez pelo meu cinto largo, ou micro saia (como queiram chamar), pela primeira vez não precisei correr atrás de nenhum funcionário. Bem pelo contrário, abeirou-se de mim, disse-me que parecia andar perdida, predisposto a ajudar-me, falámos do Perry Blake, "flirtamos" desajeitadamente e o meu ego, encheu-se que nem um balão. Às vezes precisamos levar umas valentes "bombadas", bem ao estilo das que se usam para encher os pneus das bicicletas, e assim pedalamos, rumo a uma melhor relação connosco mesmo.
sábado, 10 de dezembro de 2011
Verde de inveja
É um sentimento muito feio, inveja. Especialmente se, por vezes, invejamos uma amiga. Eu sinto-me desconfortável com isso e luto diariamente com esse sentimento. Para minorar a situação, assumi o facto perante o alvo da minha inveja, ao que a própria atribui uma simples ciumeira. Ciumeira também não seria bonito, e nisso sou pródiga, sim coleciono defeito como quem guarda multas de estacionamento no porta-luvas, mas é factual. Pelo cariz crónico destas caracteristicas, vulgo, defeitos, não há margem para dúvidas que tenho a mais vil inveja de alguém que com tão pouco, consegue tanto. Alguém que erradia para si energias tão mais positivas que as minhas e cujas pessoas se perdem de amor pela sua aura, seja de que cor for. Eu sou solitária, adoro a minha solidão, mas foda-se, às vezes doi muito....
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Somos família, agora!
Os gatos são friorentos. Todos os meus felinos adoram enfiar-se debaixo das mantas e ficar ali horas, intermináveis. Esquecem tudo, o quente e o amor, são o bem mais precioso, portanto por longas horas não precisam de mais nada. Pois bem, o gato que vive comigo há um ano, não é assim. Dorme comigo, sim, mas por cima das mantas. Coloco a mão no seu pêlo e está frio, mesmo assim recusa-se a entrar comigo na cama. Até o gato, penso. A nossa relação não foi fácil nos primeiros meses, e só agora compreendo que demorou um ano a solidificar-se. Há uma semana, o meu felino doce caramelo, já entra sem receios debaixo das mantas, e porque se sente amado, ali fica horas intermináveis, a dormir.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
É só preciso um pouco de respeito....
Por mais que me custe, gosto de respeitar a vontade dos outros. Como egoista e o centro do meu próprio universo, quero muito sentir a meu lado um espírito livre para voar quando bem entender. Hoje, tomar o pulso numa amizade poderia contrariar uma eventual fatalidade, mas estaria a desrespeitar uma decisão. Deixá-la ir e ficar de braços cruzados, amarga-me na boca, mas decidi, mais do que uma batalha em campos oposto nesta vida, quero lutar consigo e no mesmo lado da barricada. É sempre divertido e mesmo quando há sangue, lambemos as feridas de sorriso nos lábios e olhos lacrimejantes. Porque não sabemos se havemos de rir ou de chorar....
Degolada...
Acho a beleza da Kristen Dunst tão insípida como a minha. Em comum, as covinhas nas bochechas, lábios finos e dentes encavalitados. Até ao filme Marie Antoinette, tinha um ódio de estimação pela fulana, talvez o mesmo ódio que tenho por mim mesma. Neste filme, maravilhoso diga-se, há tanta comida e apresentada de forma tão requintada. Há um grande amor, representao de forma tão sedutora. E a mestrina de tudo isto é Sofia Coppola, a realizadora claro, mas a sua batuta só possui poderes mágicos porque a orquestra ganha corpo na personagem de Miss Dunst, de sorriso sincero e olhar transparente.
Poison d'Amour, uma casa de chá belíssima no Príncipe Real, chá e bolos de arregalar os olhos, um ambiente palaciano tal e qual o de Marie Antoinette. E porque os tenpos são outros, no fim das contas, degolada, só mesmo a carteira, mas um dia não são dias...
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Cada um acredita no que quer....
Há com cada merda que me acontece e eu digo em tom de brincadeira, isto só pode ser bruxedo. A minha mãe assimilou a frase, de tal forma, e foi mesmo à bruxa. Bem sabe que não acredito nem em deus, nem no diabo e a única paranormalidade que creio são as aberrações com quem trabalho...essas sim, verdadeiras criaturas do demo. Pois bem, ela acha que ando toda enguiçada. E a senhora que lhe levou, o couro e o cabelo, confirmou. Para a coisa correr melhor, só tenho de tomar banho com determinado gel e usar um óleo hidratante. Calha mesmo bem, porque a minha depressão está a tomar proporções tais, que banho é a última coisa que me apetece tomar. Sinto-me melhor, é claro, porque um banho faz sempre bem à alma, lava tudo e ainda fico a cheirar a rabinho de bebé com o raio do óleo hidratante.O importante em todo este processo é a responsabilidade que me é imputada. Para justificar o que a minha mãe gastou numa charlatona, sinto-me parte da charada, dizendo-lhe estar já "desenguiçada". Só quero tranquilizar aquela pobre alma que tende a pagar para ouvir exactamente o que lhe convém. E eu que não tenho onde cair morta, ainda quero que me deixe uma simpática herança, e não gaste tudo em macumbas, charutadas e galinhas pretas.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
A Cátia
Não sigo "A Casa dos Segredos" mas desde que conheci uma rapariga que trabalha na produção, despertou a curiosidade nas personagens. Eu gosto de gente parva e criei empatia pela Cátia, mas não pelo mesmo motivos que a maior parte dos portugueses, que reprimem a sua própria estupidez realçando as falhas dos outros. Eu gosto da Cátia porque é feliz assim, como é. Já dizia o Gil Vicente, ao criar o personagem "parvo", ( terá sido "No alto da Barca do Inferno"?), felizes dos parvos. E eu acrescento, palermas todos quantos se levam muito a sério
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Meter água...
Não faço questão de conhecer os vizinhos, também não quero que me sigam o rasto mas a minha vida anda tão cheia de azares que no outro dia tive de socializar, ora piso acima, ora piso abaixo. Há um ano a viver aqui, pela primeira vez, toquei às campainhas perguntando pelo misterioso barulho que ressoava pelas paredes. Logo numa primeira abordagem fiquei bem vista claro está, a doida que escuta coisas estranhas, afinal toda a gente se mobilizou, uns em cuecas, outros em chinelos e ninguém ouvia coisa alguma. Comecei a duvidar da minha própria sanidade mental, o gato não podia falar e a minha palavra não valia coisa alguma, portanto, prédio acima prédio abaixo e a maluca não descobria a origem do "bruahhhh". Até que um vizinho se lembra do motor do seu aquário que, eventualmente poderia fazer ressonância. Bastou um toque e ahhhhhh...o barulho desapareceu. Eu bem sabia que não tinha metido água mas não foi surpresa que as paredes por aqui são finas como papel...ainda bem que a casa é alugada!
domingo, 4 de dezembro de 2011
Eu sou uma ressabiada...
Não se riam, quer dizer, riam-se a bandeiras despregadas, porque esta confissão é tão patética que merece uma gargalhada...daquelas! Ora aqui vai, quando criei este blog, foi com o objectivo de encontrar a minha alma gemea. Sim, sim, eu sei, escusam de dar moral, porque não sabem da missa a metade portanto, este foi mesmo o último e mais patético recurso. Percebi tão rapidamente que o caminho não seria por ai, e de posts romantizados e sonhadores de uma gata mimosa, tipo persa, lê-se agora, a faceta assanhada de uma borralheira revoltada, que há muito foi posta à beira do prato e a quem ninguém pega. Há que assumir com frontalidade, este deverá ser o blog mais ressabiado de toda a blogosfera e serve unicamente para atirar uns quantos petardos. Porque se a gata persa adora odiar, a miuda que vos escreve estas linhas, continua a amar, amar.
Do chão não passaria...
Um carro cheio de homens, elá....
Caminhava com os meus sapatinhos vintage, armei-me ao pingarelho, mesmo sabendo que não podia ir longe com um salto daqueles, alonguei o passo. Senti as suas cabeças virar-se, o sinal não abria, e eu continuava na passadeira, a minha passerelle improvisada. Qual Carrie BradShaw de "Sexo e a Cidade", versão mal esgalhada algures no meio do subúrbio, tropeço não sei em quê e quase me estatelo no chão.
O mesmo carro cheio de homens, cabrões...
Lá me recompus, passo atabalhoado, tentei alguma dignidade na pose altiva que um sapatinho daquela qualidade merece. Na minha ingenuidade pensei que os senhores estivessem a galantear a jeitosa, pelos vistos apostariam entre eles e antes que o sinal ficasse verde "cai ou não cai". Porque sou das que gosta de tropeçar mais que uma vez no mesmo erro, haja forças para erguer-me e seguir em frente, não me venceriam pela queda, mas que moeu o ego...ai isso moeu...
sábado, 3 de dezembro de 2011
Descartar-me...
Não se compreende a sina de uma mulher que odeia passar tempo na cozinha. Havia loiça de uma semana para lavar. Já não sobravam pratos, copos ou talheres limpos, nada. Molhar as mãos para lavar um prato e comer uma refeição? Nah! Prefiro qualquer coisa lá fora, ou ficar-me com uma maçã, está feito. Hoje, determinada, arregacei as mangas, literalmente, e toca a lavar aqueles pratos bedunçosos e o azar acontece, o lava loiça entope. Uma pessoa até tem boa vontade mas retirar a água porca com uma panela directamente para a sanita, para além de não ser a solução mais airosa, leva-me à certeza que há muito tinha. Não fui talhada para estas questões de cariz feminino, portanto, não devemos ir contra a natureza...que tal usar pratos e talheres descartáveis?
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Beca, ábrólhos...
A Beca é uma mulher caprichosa. Aliás tem nome disso, mas não deixa de ser uma criatura interessante de ver passar pela nossa vida. Sim, leram bem, passar...ficar, nunca. Uma Reeeeebeecccaaaa na vida de alguém é de levar a uma crise de nervos tal a inflexibilidade. De carácter quase tão retorcido como o seu próprio nome, Rebeca, a ficar na nossa vida, passaria de melhor amiga à pior inimiga. Senhora com mais de 60 anos, tez ruiva, penteado excentrico, olha-nos directo na alma e mesmo que queiramos escapar, é inglório. A Beca, sem pedir autorização, predipôs-se a fazer-me o mapa astral. Diz que pareço uma bonequinha e não há motivos para andar de cabeça em baixo e encarar os desafios quotidianos com a catrefada de medos do costume. Encolhendo os ombros, em tom de inevitabilidade, explico-lhe os meus porquês, aponta para os papeis que eu tenho três triangulos não sei onde, o melhor que se pode desejar. Eu sou o máximo, em alguma coisa, até corei com a pequena vitória. Infelizmente não entendo o que diz, fala de astros, mas termina tão categórica e terranamente que até uma mula compreenderia. Se continua com esse espírito, aos 40 anos está com um depressão, desempregada e a viver com os seus pais.
A isto se chama um "ábrólhos", Beca, a própria...
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Essas badalhocas...
que adoram, com 11 graus centigrados, mostrar a tranca em toda a cidade. Lá andam com o tacão alto ou a botifarra à "Maria Zuleica". À sua passagem, incrédulos, todos os olhos se dirigem para elas e um só comentário surge "olha lá, aquilo não é uma saia, é um cinto largo". Pois bem, hoje, eu sou uma dessas senhoras, se levanto os braços fico com a "ritinha" à mostra, se me baixo abre-se-me o pacote.
Vai uma chávena de chá?
Há palhaçada que não me envolvo, as greves. Odeio-as, mesmo. O que constato nessa patetice? Serve exclusivamente para empanturrar o trânsito, porque a maior parte das vezes quem vai para a rua acenar bandeirolas e erguer o punho, fá-lo para conviver e nem sequer tem dos argumentos mais válidos para paralisar o que quer que seja. Vejamos os tipos do Metro, lembro desde sempre as suas reinvindicações, e todos sabemos que ganham bem. O pessoal da minha classe profissional raras vezes se queixa, trabalhamos que nem uns coirões velhos, ganhamos mal, levamos porrada e ainda por cima gostamos. Está bem, nem todos podem ter o mesmo espírito de sacrificio nos seus ofícios, porque nem todos amam como eu o que fazem, mas se é para confraternizar, prefiro uma chávena de chá na mão e uma conversa fluída e apaziguadora, do que o azedume dos grevistas e o raio da vareta na não com uma bandeirola dançante.
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