O Guilherme finge que não me conhece, adora fazer-se despercebido acerca das minhas angustias, em vez disso, no puro disparate, diz que estou com as sobrancelhas demasiado densas, é preciso tratá-las para abrir o olhar. Mas o nosso amor revela-se quando, consigo lê-lo no silêncio, entender que todo aquele seu ar "borbuleante" não passa de uma armadura, daquele homem ( tão mais homem) que não deixa de o ser, só porque gosta de outros homens. Eu sou para ele, uma menina que concebe a vida na sua casinha de bonecas, e é normal que ninguém se queira pôr de cócoras para brincar com os meus tarecos. O Guilherme, não sei se pelo hábito de estar de cócoras, não se chateia nada de se pôr a jeito para vestir e despir as minhas bonecas. E até já me convidou a brincarmos aos médicos.
